As cartas no centro

Ela sentiu o cheiro que deixa seu rastro pelo ar. Ela sempre sentia cheiros de vida! Quase previa o que viria após alguns segundos de olhar mais demorado: lia pelo corpo e suas expressões, sentia pela retina e seus pulsos, enxergava porque tinha coragem de se auto-observar ... primeiro.

Naquela noite as cartas foram jogadas no centro da roda e tudo foi ficando menos embaralhado do que antes. Pela tela várias cenas, pela retina vários registros. Pela fala alguns vazios recorrentes. Pela boca poucos dentes. Tudo foi se encaminhando pr'um lugar onde o coletivo é infinitamente maior que o individual. Onde os egos e seus gritos precisariam silenciar pra se refazer menos poluído que antes. Alguns dedos apontados, algumas caras coradas, inclusive a dela. Muita generosidade vindas dele, muito afeto alimentado entre eles e elas. Uma força viva!

E, no meio de tudo e tanto .... Ela sentiu muita vontade de ficar por mais um tempo. Sentiu muita vontade de pertencer e ir mais fundo! Bem mais fundo.