Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

24 novembro 2014

Deus-dará


... dentro daquilo que parecia o mais de dentro ela sentia pulsar o momento presente. Olhou e treinou o olhar amiudado pra ampliar o foco e enquadrar aquele instante tão grande. Tinha gente de dentro, gente de longe e todos ali tão perto. Tinha o ruído branco e a escuridão do primeiro segundo de toda e qualquer ida. Ir ao encontro dos/das que vieram era sempre um ato de coragem, de generosidade e loucura. Deixar-se analisar por todo e qualquer detalhe. Deixar-se devorar. Deixar-se largada da auto-cobrança e auto-julgamento. Deixar-se pra se reencontrar. Seria uma primeira voz que modularia uma frase que deveria ficar em suspensão. Seria uma segunda frase. Seria como é na vida uma seqüência espiralada de siléncios e falas. De olhares e piscadas. De folêgo novo num corpo de antes. De som e eco. De presente e passado.

15 setembro 2014


... Pediu para que o coração não viesse parar na boca, sugeriu que ele se mantivesse em seu lugar habitual. Que ficasse cada qual em seu lugar. Boca com a língua dentro, coração em seu lugar de desmonte. Nada de sofreguidão, nada de desfalecimentos, nada de engessamentos. Que o corpo soubesse sobre sua inteireza e alma soubesse de sua amplificação. Que a voz fosse vida e a vida ecoasse sua voz. Que fosse à serviço do esclarecimento, da ampliação e do afeto.

18 junho 2014

Naquele dia


... A luz concentra 8 círculos menores dispostos em semi-círculo. O teatro propõe intimidade. A plateia colada a arena faz o pulso acelerar. Existe uma estante bem à minha frente. Nela as letras enredam palavras que precisam estar vivas dentro de mim, que precisam ser recolhidas pelos olhos e oferecidas pela voz. Por dentro sinto vontade de dizer, de me dizer pra quem quiser me ouvir. Olho o que há, aprendi a olhar também com ele. Mas, antes disso eu já percebia. E aos poucos a luz que me contornava passou a diminuir a queimação. Entregue ao que era lido olhava para o lado e via a grandiosidade do momento e das companhias. À esquerda ... o lugar do coração e dentro dele o mais mediador dos homens ... aquele que me colocou ao lado e me fez acreditar no que sou. À direita a explosão de uma águia que voa e quer continuar a voar. Ao lado daquele que estava à esquerda ... ela que me faz entender sobre a coragem necessária pra quem deseja voar, os olhos se encontram e a gente se protege, conforta, alegra, divide e acredita! E a vida se abre e desenha um Círculo ainda maior que aquele que eu vi!

23 maio 2014


A vida: ... desde criança sonhava em tocar piano. Minha madrinha tinha um piano ... morava longe: Itajaí. Cidade que estivemos ontem! Lembrei tanto dela ... nas andanças por lá! Lembrei tanto de mim. Ela se foi bem cedo e nunca percebeu meus olhos brilhando em direção ao seu piano. Nunca pude dedilhá-lo. Tive a sorte de ouvi-la tocar uma ou duas músicas em cada encontro que tivemos. Recordo-me de uns 4. Em "O Círculo" temos a sorte de sermos acompanhados por um pianista talentosíssimo que compõe lindezas que emocionam (como foi dito por tantos lá na Univali). Tantas sincronias! Sempre que ouço o piano nos ensaios me emociono por dentro de uma forma impactante. Sempre que ouço o piano durante as leituras mergulho num mundo sensível que me pertence. Falei sobre isso na viagem ... sobre ter sorte, sobre ser forte e agradecida! E ... hoje cedo ... gripada de todo e tudo ... recebo essa fotografia da minha Comadre Amada ... de Floripa registrando o momento! O primeiro movimento. Tem um vídeo ( que se ela permitir irei publicar). Resgates assim enchem a vida de sentido, significado e esperança. Que vida generosa! Agradecida! O primeiro encontro ... a vida que pode ser dedilhada.

19 maio 2014

Se dar ...


...tentava imaginar como ele se sentia! Como guardaria aquela imagem estendida. Um corpo sem bigode e sem viço. Um corpo estendido numa caixa forrada de tecido de poliéster. Deveria ser de poliéster aquele tecido e as alças nem sequer simulariam o tom precioso do ouro. Nenhuma cor. Nem na pele nem nas alças artiicialnente douradas. Talvez houvesse cor nos olhos dele que guardava seu amigo nas retinas de outros tempos. Nos últimos .... nem suspeitavam serem os últimos. Jogavam dominó no banco de uma imitação de praça que foi projetada como um grande corredor em que os prédios faziam sombra desde as 3 da tarde para que o jogo pudesse acontecer. Às vezes no balcão da farmácia do amigo, outras no cimento gelado da mesa da praça. Ele era um dos poucos amigos dele. Vinha da mesma cidade e guardava na memória algumas lembranças similares as dele. Pensou em não ir à despedida. Lembrou da frieza do cimento. Das bancadas de cimento sem nenhum tecido pra aquecer. Lembrou que o sangue lhe corria nas veias. Pensou em ficar, em se fixar na vida e afastar as partidas. Mas foi e viu. E ... deve ter se visto. E ... é isso que me dói! Bem isso! Se dar.... Seda! Poderia, ao menos, ser forrado de um lindo tom de seda.

16 maio 2014


Voarei junto e sempre primeiro com os olhos!

15 maio 2014

Tão meu quanto seu


Passo a acreditar mais e um tanto à mais na força da entrega afetiva. Passo a entender mais sobre o poder da junção do número dois em diante. Era um trio! Sempre amei essa disposição formatada pelo triângulo. Aprendo a sair da minha circularidade insistente em cada novo dia. Aprendo enquanto ouço a perfeição de uma voz. A voz que é resultado de um corpo inteiro que se posiciona no mundo apoiado em suas crenças, em seus trajetos, em sua forma única de ver e de viver a Arte. Voz que ressoa, que incorpa e multiplica. A voz. A voz daquele corpo íntegro apesar da fumaça ingerida. A voz que sai do corpo daquela alma incandescente. A alma daquele que acredita no afeto e ensina a polvilhar o mundo de esperança, beleza e parceria. Passo a dar um passo de cada vez. Passo a dar o meu passo. Passo a querer acompanhar o seu passo. Passo sem ter passado e nem querer ter um futuro. Um passo novo. Um novo passo. Sou uma andarilha que passeia passo à passo. Não me arrasto. Não sustento. Sou o que posso ser e isso me basta! E é tanto! E é tão grandioso. E é tão meu quanto seu! Porque estamos juntos e sabemos o que isso quer dizer!