Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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04 novembro 2008

Dialética: fazer-pensar

Para alguns ... refletir sobre a ação era teoria vazia. Era como se roubasse um tempo do fazer "mecanizado". Pra ela, refletir e verbalizar sobre o vivido era tomar consciência de descobertas íntimas, era tentativa de construir uma unidade entre fazer-pensar. Toda descoberta íntima é, em si, subjetiva. Ela sempre soube que a socialização se dava quando as palavras assumiam seu lugar. Análises existem para se coletivizar. Pensou ser essa a grande graça daquela experiência tão reveladora: um projeto coletivo e cooperativo. Construir juntos uma experiência "deles(as)". Em meio ao turbilhão de pensamentos e sentimentos que sempre lhe vêm ela olhou: ... olhou ao seu redor e formou uma roda com os olhos, e, no traçado da circunferência ... não se esqueceu de olhar-se também. Aliás, enxergou-se muito bem. Subitamente, dirigiu seu olhar para o alto e viu muitos balões de egos encostados no teto branco daquela sala. Eles não podiam mais subir estavam presos por lá. Balões de gás. Viu o dela também e antes que ele quisesse ficar se exibindo por lá ... segurou-o na mão e o fez vazar. Fez com que o ar viciado saísse e se espalhasse. Um vento de ar espalhou além do barulho um tanto do seu veneno. Uns queridos e outras queridas utilizaram outras formas para sumir com seus balões. Outros poucos(as) fingiram nem percebê-los, esconderam-se no seu confortável silêncio, em sua pretensiosa apatia, em seu olhar para o seu auto-fazer. Defesas prévias! Ela ainda insistia no coletivo, oferecia suas mãos e suas falas. Até quando ela insistiria?

Recolheu o plástico do seu balão roxinho que se aquietou no chão, sabia que aquela cor era uma espécie de benção espiritual. Contentou-se com a escolha e deixou aquela pequeneza de plasticidade ( contaminada por gestos, dizeres, desdizeres e silêncios convenientes) amontoados no chão. Recolheu-se de lá e apertou ainda mais aquele pedacinho de plástico roxo na mão, sentiu a unha marcar a pele branca da palma da mão. Lembrou-se que aquela palma quase nunca se revela. Ela é o dorso. A palma da mão quase sempre se esconde e só se expõe quando melhor lhe convier. Tem em si um vale sagrado quando se revela em forma de concha. Pensou que poderia ser como a palma da sua mão ... que só num meio giro (intencionado) ... se apresenta. Revelaria-se só pra quem se encaixasse guardado(a) ali dentro daquele vale em forma de concha, dentro da brancura da sua palma da mão . Seriam carinhosamente recolhidos(as) e posteriormente transportados(as) pra dentro do seu coração. Ela tentaria ... de novo e mais uma vez.

3 comentários:

Anônimo disse...

que bacana a imagem do balão roxinho.
precisamos de alfinetes! vários deles!

Sheyla disse...

Bel,
Arte e ego inflado são difíceis.
Eu quem diga, heim?
Até hoje sou péssima em explicações. Vc sabe disso. Não consigo ser objetiva. Nem sei como fiz um projeto de iniciação científica, nem monografia, etc... Não sou didática e uma diversidade de pensamentos outros, alguns meus, alguns de teóricos, filósofos, etc passeiam ao mesmo tempo na minha humilde cabecinha.
Porém, sinto-me confortável para uma sugestão: tente sentir mais a arte. Sei que é paradoxal pois o teatro é a arte da coletividade Mas os egos representam nossa pequena humanidade, né? E nas artes isso fica mais visível, né?
Alguns melhoram. Espero ter melhorado um milésimo do milésimo, rs... Alguns estacionam e outras gerações melhoram cada vez mais, outras não.
Mas a arte, ainda, salva!
Pela arte, peço licença para dizer: Tente e re(tente) sempre!
Bjs.

Bel disse...

Gui,
Tua presença ilumina!
Bom te ter por perto.
Um beijo, querido.

Sheyla,
Tens muita razão no que redigistes. Vou tentar ... um pouco sempre mais.
Agradeço, sinceramente.
Um beijo, Bel.