Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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11 dezembro 2008

Um dia: primeiro. Para Soninha


Ela foi depois de ter retornado à si. A noite anterior havia sido marcante. Daquela entrevista prevista ela havia retirado um tanto de si e reservado para um outro dia. Pensou num quase fim, num recomeço, num vazio e num por vir. Deixou sua dor encolhida em sua bolsa de festa de miçangas pretas e foi com eles dançar. No alto de seus sapatos vermelhos quis que as batidas das músicas tocadas nas rádios lhe retirassem daquele estado de alma. De tanto insitir quase conseguiu. O retorno e uma solitude conhecida lhe fez companhia e lhe colocou pra ninar. Sem cantigas quase não dormiu.
Bem cedo despertou com muitos devaneios descolados de seu lugar. Recebeu sua ajudante com café quente e um olhar de compaixão. Ouviu suas inquietações, ofereceu um certo aconchêgo (bem mais generoso do que havia oferecido à si). Entregou seu Papai Noel cantante e viu sua emoção, segurou um tanto dela pra si. Desenergizada emprestou dela o que lhe vestiria bem. Despedindo-se entregou as chaves do seu paraíso. Foi ...
Com seus dois travesseiros pequenos em punho ... pediu um pouso na casa de sua vizinha-parceira. Sabia que sua generosa oferta se materializaria em forma de cama arrumada e cheirosa. Rolou e se perdeu: frases soltas e ecos num tempo marcado por ontem. Quis desistir de si. Acordou e se preparou para o dia de encontros festivos. Antes disso dissolveu um tanto de suas mágoas nos ouvidos de sua vizinha que lhe fez considerações sensíveis. Guardou-as. Aguardou-a.
As três da tarde partiu para o inesperado encontro com uma de suas generosas "leitoras". Sentiu que ela poderia se transformar em amiga viva. Ao vivo e em cores percebeu sua chegada induzida pela escada rolante que a elevou. Junto dela dois lindos meninos pareciam sorrir com os olhos. Abraçou-a apertado. Quis lhe dizer de seu carinho gratuíto e quase balbuciou o som primeiro: um prazer! Controlada a ansiedade inevitável ... foi escutando mais do que falando e aquilo lhe fez um bem. Queria saber de uma vida inteira naquelas horas previstas (seriam quase três). Aos poucos se recolheu pra apreender com ela. Soninha tinha olhos velozes como o som que saía de sua boca. Falava de si com uma tranquilidade hipnotizante. Tinha duas doçuras que lhe davam a mão e iluminavam seu mundo. Caio e Pedro cederam o primeiro tempo às duas. Em meio a lápis coloridos, "rádio" de ouvido moderno e palavras aceleradas pelo encontro ... os olhos se prenderam e os ouvidos guardaram coisas importantes. Soninha se desdobrava em muitas, olhos nas jóias e olhos nela, olhos no passado com foco num futuro disperso. Piscava menos do que o habitual porque se arregalava para a vida inteira. Iluminada pela força da vida.
Da mesa ao lanche, dos coloridos dos meninos ao encanto da casinha do Papai Noel, das luzes às gotas da chuva. Saiu de lá menos sofrida do que chegou ... ofereceu menos do que poderia. Mas acreditou que haveria um outro dia. Escutou uns sons de despedida e viu os três lá de cima acenando pra ela. Quis ter visto antes, quis ter devolvido bem mais.
E tudo se deu: denso e rápido, veloz e pulsante. Elas prometeram não se perder de vista e ela desejou que aquele dia fosse o primeiro.

11 comentários:

Renata Carvalho Rocha Gómez disse...

Bel querida, passei aqui no seu blog para dizer o quanto vc é uma fofa !
Sempre admiro e contemplo os recadinhos que vc deixa la no blog da Cris. Sua sensibilidade e a delicadeza na qual expõe seus sentimentos e toda a sua doçura é muito lindo!
Em um mundo tao acostumado a usar palavras para ofender ao próximo, ridicularizar e desmoralizar, é formidável te contemplar todos os dias exaltando a virtude de alguem.
Parabéns querida, por ser assim tao linda e tao VOCE!
Te admiro !
Um beijo no coração
Re

Nina disse...

Aiiiiiii que eu to chorando, aiaiaiaia... ai!
Tao bonito isso, fiquei imaginando tudo, tudinho. Os sapatinhos vermelhos. A chegada e a partida, acenando, a chuva fininha. aiiii dói meu coracao. Amo tanto a Soninha, e esses meninos, fofos. Só podiam ter uma mãe especial dessas mesmo.
Poxa Bel, que bonito isso. to tao sem palavras, e olha que isso é meio dificil viu?? Eu tenho certeza que vc recebeu e deu sim, e mt.
vc é tudo de linda Bel! Já tá casada? se nao, vou te pedir em noivado :)

Marina Mattos disse...

Nossa....senti tudinho essas sua emoçoes,foram tão claras!!Beijos!!!!

Marina disse...

Bel,sou eu ali em cima,ok?

Fiona disse...

Beeel
Deu até vontade de chorar. Hoje to assim, não to entendendo. Deve ser tpm.

Que relato lindo desse encontro. Foi tudo tao intenso. É legal ver essa amizade se materializar, de fato, e na sua poesia, assim, como descrevestes. Vcs duas são tão queridas! Vou conhecer as duas, se Deus quiser.

beijooo

SGi/Sonia disse...

Bel.
Ainda estou em total estado de graça de ter te encontrado.
Ontem ao chegar em casa, contando para o maridones como estava feliz em ter te encontrado, chorei como criança, aquele choro solto, sem vergonha.
Ontem para mim foi mágico.
O Pedro antes de dormir falou:
"Mamãe a Tia Bel é linda, parace a minha profe de Inglês."

E hoje adivinha?
Lembra que eu falei?
A Nina é minha amiga secreta.
Desse jeito vou chegar a desidratar de tanto chorar:)

Obrigado pelas palavras lindas, obrigado pelo carinho com os meninos.
Com certeza nos vemos em Floripa.

Beijins carregados de felicidades:*

Bel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bel disse...

Meninas do meu coração e do meu mundo de bolinhas.
Esses tempos de fim de ano nos colocam em um estado diferente: um quase estado de graça. São tantas as dádivas que essa vida nos oferece. Vocês todas aqui comigo, eu tentando estar com vocês e cada vez mais em mim.

Renata, que querida és. Já te conheço pelo teu blog e pelos comentários na Cris ... bom te ver por aqui novamente. Teu olhar é que coloca vida no que escrevo. um grande beijo.

Nina e Cris.... suas coisinhas doces. No nosso encontro falamos muito em vocês duas e na Cris Guerra ... tenho certeza que a vida nos presenteará com encontros como o de ontem E, até melhor ... (porque ontem a tristeza quase me fez adormecer ... mas pelo menos a Soninha e seus amores me viram num dia ruim .... na próxima será ainda melhor).

Marina foi tão bom ... como um dia será o nosso.

Soninha e seus docinhos vivos,
... queria poder ter contado para o Tujú... mas contei pra mim mesma e fiquei feliz! Ontem havia em mim uma grande tristeza que tu e teus encantos conseguiram aliviar. Agradeço o afeto, sincero.
Um beijo nos quatro ...

Bel.

Biana França disse...

Bel, voltei e já chorei... como eu queria passar por isso!!!
Adorei saber pelas suas palavras tão lindas um pouco mais da Sôninha, um pouco mais dos meninos...
Lindo encontro!
Bjus.

Ana Carolina disse...

Que lindo deve ter sido o encontro das duas!!! Quanta emoção!!
Bel, anseio um encontro nosso. E faço minhas as palavras da Renata. Em um mundo com tanta coisa errada e torta, a sua escrita certa nos alivia e enobrece.

Beijos e afagos!

Elga Arantes disse...

Deve ter sido ótimo, mesmo, seu encontro com a Soninha.

Eu, já conheci a Patrícia, que é daqui de BH, e a Karen, de Sampa, que passou um final de semana aqui comigo.

Agora, faltam a Michelle, Sheyla e você.

E tenho certeza que acontecerá!

Enquanto isso, estou aí, mesmo daqui, se precisar falar, escrever, cantar, chorar, ou sumir...