Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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20 janeiro 2009

A volta

... ela retornou. No caminho sinuoso que percorreu lembrou do imenso sentimento de despedida que lhe apertava o peito desde sempre contraído. Sentiu-se menor por alguns instantes. A saudade sempre lhe encolhia a alma e não havia possibilidade de expandi-la através de exercícios mentais sustentados pelo desapêgo. Ela resistia em sua dor. Reconhecia que já era bem menor do que há anos atrás. Mas, pedaços dela sempre ficavam por lá: perdidos entre os grãos de areia fina e contaminada pelo desrespeito à Gaia, misturados no azul-esverdeado do mar espumado pelo branco das ondas que coloriam aquela Ilha, condensada pelo calor do sol que sinaliza uma espécie de fumaça suave que sobe, derretida no sorvete que sempre lambuza. Ela, por lá, ainda havia ficado e sabia que só o tempo a libertaria de suas "prisões", de suas preocupações, de sua fé diminuída pelo efeito de medo. Enquanto o carro corria rumo a seu outro mundo (não menos colorido e encantado) ela via tudo emaranhado a sua frente. Sabia que para ser adulta o universo lhe imporia uma espécie de rito de passagem, mas, ela havia passado por tantos! E cada vez que se despedia sentia-se menos adulta do que antes. Pressentia que o esforço para se posicionar naquele estado de alma que havia conquistado no momento da partida, seria menos intenso. Mas nem por isso menos sofrido.

Dois dias se passaram e só naquela manhã ela havia se sentido menos dolorida. Seu corpo parecia ter se recuperado do encolhimento de sua alma. Despertou mais confiante e menos melancólica que antes. Talvez a insegurança do que lhe viria naquele Novo Ano pudesse ter contribuído para aquele recolhimento proposital. Talvez a incerteza do que decidiria pudesse ter influenciado aquela tristeza que pulsava de forma tão latente.

Ainda que a chuva lhe fizesse cócegas no rosto mais bronzeado desejou um dia mais claro. Logo ela que amava dias sombrios (coloridos pela transparências das gotas de chuva num céu acinzentado) pedia ao tempo uma maior claridade. Talvez uma maior luminosidade pudesse contribuir para lhe entusiasmar! Inversão dos tempos, desespero da alma! Fosse o que fosse algo lhe contagiaria ... seria uma questão de tempo! Acreditou e se alivou naquele exato segundo. A vida era mesmo uma questão de querer!!

Olhou para seus pinheiros desejados e quis ficar.

5 comentários:

Nina disse...

Que fique então, belíssima!
Ela retornou, que linda!!!
... E ainda traz um rosto bronzeado que sente cócegas pela chuva... ela retornou linda, como sempre :)

SGi/Sonia disse...

Bel, que saudades de te ouvir, eu não leio mais, ouço você!!!

Chorei a sua saudade, e olha que o que deixo pra trás sempre e a vontade de voltar...

Seja bem vinda nessa nossa cidade, cinza, azul, laranja...

Beijins com felicidades:*

Biana França disse...

Ela voltou??? Linda, como sempre!
Bjus

Monique Lôbo disse...

Que bom que ela voltou, eu ja estava com saudades de mergulhar nas palavras que ela escreve tão bem, um mar de palavras calmas e tranquilizadoras, palavras alegres que iluminam o meu dia, neste momento o início da minha noite, que será mais linda pela volta dela, que com certeza trará com suas palavras bons sohos pra mim!

Que bom que vc voltou Bel!!! Agora a blogosfera está mais colorida, mais bronzeada!rsrsrs!!

Bjãoo

Anônimo disse...

"A vida era mesmo uma questão de querer!! "

Sim! Mais do que nunca, adorei ler especificamente essa frase. É só querer mesmo, Bel. Adorei.

Um beijo, que bom que voltou!!!

Ana