Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

04 abril 2009

Um suspiro em homenagem à espera

Suspensão ... da euforia ao vazio. Na roda da fortuna o giro sempre cumpre seu papel: deslocar-nos do eixo para altenar nossos estados iniciais. Rotações circundantes. Ela havia se deslocado naquele dia. Tantas coisas giravam dentro dela ... desde o ar que fazia volume durante a fala controlada. Muito pra dizer. Pouco tempo pra se fazer entender. Olhos vivos refletindo interpretações enviesadas. Ela nem sempre se colocava confortável no silêncio. Ousava refletir continuadamente. Exigia dela uma fala pra dentro pra não ser tão inconveniente quando o silêncio dos outros pareciam lhe pedir por socorro. E falava sempre que o espaço se abria ... falava por necessidade. Há tempos ensaiava um silêncio à mais ... há tempos ensaiava uma divergência à menos.
Naquela noite o cansaço deles era bem maior do que a ansiedade dela. Na exaustão deles viu-se arroxeada novamente: hematomas insistem em se fazer notar na pele branca que abre um espaço colorido pra demonstrar e delimitar ... a cor da dor.
Cada beleza em seu contexto sugere um contorno preenchido por uma palheta de cor. Cada trabalho com seus recortes. Essências. Escolhas. Foco. Grupo. Parceria. Universos. Organismos Vivos. Dormências. Desmaios. Pulso.
Desapegar-se é um exercício ... anaeróbico. Pra ela ainda era assim. Pensou como seria pra eles (as). Focou ... enquadrou ,e, pensou como seria pra ele.
Depois de tanta entrega sempre vem um vazio que (des)mata organicamente. Organizadamente tentou não se deixar contaminar. Revirou seu arado e viu as sementes bem plantadas em solo fértil. Adubos orgânicos ... minhocas pra fora da cabeça: alertou-se em tempo. Sempre que insistia ela via e se aliviava. Um desafio era aquele exercício : colocar-se presente no tempo daquele instante. Programações.
Depois ... veio a insistência do tempo que nos ilude com o ... porvir (por.vir). Uma possibilidade latente sugere uma vontade inquietante: pra ela era sempre assim. Mas ... ela deveria esperar pra depois daqueles instantes ausentes. E a espera lhe tirava o sono ... lhe tirava do sonho.
E, acordou pra não esvaziar.

9 comentários:

Unknown disse...

Bel... não faltaram sentimentos, exaustão, e como não poderia deixar de ser, contenção... contenção para não invadir espaços e universos alheios, contenção das defesas a serem feitas, contenção do cansaço e das paixões despertadas por essa coisa doida que é o fazer artístico... e ficamos todos assim, meio que com uma depressão pós parto, sem saber o que achar das crias paridas naquela tela grande... mas saiba de uma coisa querida: teus frutos foram lindos, cheios, repletos de toda a essência q te torna tão completa. E como diria o Gerson, a sorte está lançada, o que tiver que ser, será, certo? então deixe o círculo se fechar, contemple as cores e dores, sinta-as, e depois, acorde. Para se sentir mais cheia do que nunca. Beijos querida!

Sabrina Jung - Quadros Retrô disse...

Esvazie para depois encher!
Como o Outono, que leva as flores, as cores, as folhas.
Mas depois vem a primavera que traz tudo isto de volta, mais belo ainda!
Lindo texto!
Bjo grande!! ;)

SGi/Sonia disse...

minhocas para fora da cabeça?
As minhas nem sabiam que podiam entrar heheheehhe

Beijins:*

Renata disse...

Bel,

Toda espera e todo vazio é inquietante. Acho que muitas vezes o problema é que achamos (eu, muitas vezes) que o inquietante é ruim, quando, na verdade, deveria ser um sinal de que há coisas a serem vividas...

Beijo, querida!

Rê.

Elga Arantes disse...

Sininho, sempre me levas a "Terra do Nunca".

Aborto cerebral...
Medusa contemporânea...
Hematoma surreal...

Metáforas da vida, mas VIDA, sobretudo!

Saudades, minha fada querida!

Sabrina Jung - Quadros Retrô disse...

Feliz Páscoa querida Bel!!!!

ana - hoje vou assim off disse...

Eu aqui madrugando e vim logo matar saudades...semanas de muito trabalho. :) Sempre leio coisas lindas, inspiradoras aqui...que bom isso!!

Beijos, minha querida

Nina disse...

mas é dificil mesmo se colocar bem no silêncio né Bel?

" medo de se esvaziar" que louco pensar nisso, vc tem umas palavras bel, que me deixam confusa, rsrsrs

um bj querida

SGi/Sonia disse...

Belzinha, depois do Pedro, o Caio ainda ficou mal, depois fui eu, passamos o fim de semana revezando ais e uis, mas hoje já estamos todos bem, os meninos 100% e eu ainda um pouco cansada, mas amanhã eu recupero:)

Beijins:*