Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

02 julho 2009

Foram 20 ...

Não entendia muito bem sobre algumas coisas específicas. Apesar dos tantos anos que denunciavam o tempo de uma vida sentia-se insegura sobre alguns dos porquês que nunca se apresentavam. Insistiam nos limites do que poderia ser recortado. Ela e sua volúpia em se fazer presente no tempo daquele improviso. Havia negociado uma atenção maior do que a que sabia existir. Havia prometido ser menos dilacerante. Esconderia alguns de seus objetos cortantes. Havia descoberto a possibilidade da compaixão. Mas nada nesse campo é programado. Muito menos medido pela pupila dilatada. Há sutilezas nos entre-meios. Há cuidados necessários. Há gente(ainda que desmaiada) envolvida naquele roteiro cuidadosamente construído no improviso. E ela e sua preocupação em ver a coisa toda acontecer. Oferecia-se à exaustão mas ainda assim precisaria poupar. Economizar dizeres: verdades pulsantes ... vontades insistentes.

E lá veio ele ... veio lhe lembrar com o cuidado de sempre, com a generosidade que lhe convém ... por ser quem é. Mediador. Media a dor que há nesses processos de encontros e desencontros. Alguns esbarros podem arroxear. Ela disso bem sabia. Via-se no espelho.

Diante disso tudo ainda assim havia ela. Pontos anotados sobre ela. Concordou com alguns mas defendeu tantos outros. Nada era gratuíto e disso ela tinha mais que certeza. Quis lhe oferecer outras possibilidades. Quis oferecer-se. Ela e sua vontade de aquietar. Conseguui por alguns instantes .... ouviu ... reagiu e se colocou em ação. Voltou contente de se deixar levar e acompanhar pelo valioso silêncio interno.

Antes de tudo o que se deu ... ela se viu. Fez uma aposta consigo. Escolheu o David para lhe fazer dançar. Havia ganhado aquele cilindro prateado de forma inesperada. Supresas boas da vida que sempre enfeita os presentes. Reflexos do que se conquista com o tempo que o tempo permite. Veio dele a sua inspiração. Tirou-a pra dançar .... valsou consigo e viu o limite da coreografia circunscrito pelas portas vermelhas. Esqueceu-se e deixou correr minutos do tempo. Foram 20 ... entrou mais do que programou. Foi .... E, quando alguns dos doces vieram ela já estava alí ... aberta e cheia de si. Fez-se tão bem ... a música sempre lhe acarinhava o rosto, sempre expandia o diâmetro controlado pela musculatura do coração. Alongada foi. O "ação" se deu e ela se reconheceu. O humor surgiu e aliviou algumas das dores introjetadas. Lembraria de sua alegria. Daria-se mais um tanto de sua alegria!

6 comentários:

Noé disse...

Passei para conhecer.
Ao ler seu texto me lembrei deste:
- A mulher faz o clima, o homem faz a proposta.

Bel disse...

Olá Noé ... talvez nem venhas mais passar por aqui. Mas fui te visitar e os comentários por lá são mais difíceis de serem publicados. Li cada uma das tuas premissas, muitas delas, são mesmo geniais. Adorei!
Quanto a exposta aqui ... pode ser como pode também não ser, não é? Os tempos recriam os papéis sociais.
Minhas coisas daqui passam pelo terreno da interpretação (aquela ligada à artística mesmo, entendes?)
De toda forma ... se houver tempo poderemos esclarecer.
Há abraços,
Bel.

Noé disse...

Concordo, tudo pode mudar inclusive os papéis sociais!
Abr

Elga Arantes disse...

Dançar é libertador porque a música nos prende. E o castigo é sempre voluntário.

Ah! Dançar.... sou suspeitíssima. Amodoro!!

Ana Carolina disse...

Acho que vou reler e reler esse texto....instigante! :)

Beijos, Bel querida!

Elga Arantes disse...

Sininho,
Sinto sua falta. Falta não, porque não faltastes comigo, ainda. Sinto sua ausência e ausência da sua sensibilidade impressa nos seus escritos. Espero que esteja tudo bem.
Sonhei, essa noite passada, com vc. Engraçado. Vc não falou nada no sonho. Não ouvi sua voz, nem lembro de movimento labial algum, mas vc estava comigo em situações diversas, no sonho. Será que Freud explicaria? Rs. Quis te contar. Um beijo, flor.