Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

14 junho 2010

Esconde-esconde

... corria. Corria mais do que ninguém quando corria de si mesmo. Era veloz pra fugir do que lhe vinha em ritmo de marcha. Dura e cadenciada: assim era aquela dor. E ela corria mais do que um leopardo faminto num dia de trovoada.
Corria e fugia pra se esconder daquela eterna dúvida do que queria ser, do que poderia ser. Aquela dúvida do que já sentia ser. Tão difícil admitir. Difícil se auto-sustentar. Sempre quis respostas mas as respostas se propagavam tão baixo que deixavam de ser ecos para serem sussurros. E a voz parecia dizer: ainda, não. Confundia-se quando ouvia. Confundiam-na.
Haveria um dia que se diria: SIM! Diriam ...
Aguardava o tempo lúdico do esconde-esconde passar. Ele passaria e daí, talvez, ela saberia se escutar. Cochichos audíveis.
Os soldados deixam de marchar em tempos de férias. Os chumbos derretem e viram obras de arte. Há a verdadeira arte. À verdadeira arte!
Os estrondos do trovão virariam canção.
Há o silêncio que precede o esporro como disse ... ORappa. Mas haveria de existir o esporro que abriria espaço pr'um silêncio confortável ... por certo.

2 comentários:

SGi/Sonia disse...

Bela Bel, sempre doce e enigmática, sempre transparente...
Bel sinto falta desse seu mistério aberto, dessa doçura que vem de você, não posso mais ficar tanto tempo sumida desse mundo daqui.

Beijins

Bel disse...

Soninha querida ... a ausência pode acentuar a falta: nossa ... que saudade de ti!
Entendo essa falta de tempo, entendo essa aceleração do ritmo da vida! Mas ... sempre fica aquele carinho primeiro que nos levou a concretude de um contato.
Saibas que te guardo aninhada desde lá ... tu e teus dois príncipes educadíssimos e vivos.
Ô família doce!
Um beijo grande ... para os meninos um daqueles estalados.
Bel.