Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

30 agosto 2010

Em si

... queria ter encontrado seus óculos escuros pra não ver. Pra não ver algumas migalhas que ficaram espalhadas pelo chão. Pra não ver algumas manchas nas paredes. Pra não ver as pétalas espalhadas. Pra não ver o que insiste em se apresentar como ego.
Naquela sala ampla havia luz colorida projetada no alto da parede que vinha de fora. Talvez só ela tivesse observado o tom furta-cor que teimava em bailar de forma circular.
Ela estava presente. Sentada naquele banco segurava o texto nas mãos e via tudo que acontecia ao seu redor. Olhou de verdade. Fez seus anúncios. Encolheu seu atropelo gestual. Ampliou sua voz. Deixou-se estar lá. Deixou-se contaminar pelo que lhe ofereciam.
Cor-de-rosa no laço e nos lábios. Preto nas pernas e em alguns pensamentos. Mas tudo é presente ... do tempo presente.
Viu suas falhas e tentou sustentar-se nelas. Conseguiu estar.
Nada é como foi: improviso. Tudo é como é: realidade.
E a noite se transformou em 1 hora.
E a apresentação da cena é apenas um momento: que vem lá de longe ... que leva muito tempo. Que leva anos. Tinha a idade do seu investimento.
Estava em paz.
Estava em si.

Nenhum comentário: