Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

26 abril 2011

Acúmulo ...

... Um dia que prometia. Depois de ontem e ainda no hoje ela pensou que seria um dia mais tranquilo. Queria estar tranquila em si mas a vida era mesmo intempestiva. Do absurdo veio o furto. Da esquecinento veio a revolta. Os dias eram tempestivos em seus acúmulos. Culpou-se pelo desassossêgo da perda gerada pela displicência tireoidiana. Aquela consulta lhe pareceu absurda desde a entrada:acompanhada. Na espera elas lhe cercaram na contaçāo de suas dores. Duas senhoras com mais de 70 anos de vida. De sobrevida?
Emprestou-lhe os ouvidos mas havia esquecido de aquecer o coraçāo. Coisas sem nexos ... Veias dilatadas ... Olhos cansados do tempo ... da claridade que há nesse nosso tempo. Elas queriam lhe contar uma vida no banco de espera. Pensou sobre a solidāo que mora atrás das rugas. Na solitude que há em viver num mundo acelerado como o de hoje. Nas revoluçōes afetivas que sugerem o abandono. Uma delas queria que a neta oferecesse seus 17 anos em troca do cuidado desde os 7 meses. O interesse sempre se arregala desde os olhos. Há que se devolver?
Há que se devolver o que há.
Mal sabia ela que aquela claridade que antes era amenizada pelo óculos de sol preferido iria aumentar dentro de pequenos instantes. Na saída da consulta ela se viu. Passou os olhos por ela mesma. Fez um inventário sobre si e voltou ao toallete pra encontrar seu óculos acobreado. Nada dele ... Lá se ia um pedaço dela filtrar a claridade em outros olhos. Uma espécie de furto: pensou. Doeu ver. Doeu perder. Doeu buscar e ver que nāo há ética nem em um hospital. Nem na dor ... Nem perto dos olhos da dor.

Nenhum comentário: