Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

02 junho 2008

Para Hamir: com carinho indevido.

Ela havia acabado de comprovar a única teoria formulada (por ela) no percorrer de sua vida inteira. Alí exposta ao mundo todo ... alí sustentada por sua persona mais grata que conseguiu encontrar. Alí num canto da caixa preta que se escureceu ainda mais com o olhar furioso e impiedoso de quem se dizia guiar pelo afeto. Dissolvido o sal pisou em seus pedaços esbranquiçados pela tonalidade que há em qualquer (re)provação. Manchada pelo tom daquela cor, ela já havia experimentado grandes espetáculos de crueldade. Mas, aquele lhe derrubou num só sopro ... tamanha violência uniderecional, desproporcional e volumosamente crescente. Apagou-se a beleza do todo, a entrega existente desde o primeiro sorriso. A mágoa insitia em fazer cócegas em seu nariz. E ela teimava em dominá-la na tentativa de esconder a mais profunda das tristezas. Buscou um disfarce qualquer. Viu que alguns olhares se modificaram depois do evento e isso fez sua dor enrijecer nos segundos restantes. A fotografia congelada na cena se materializou fora dela e toda beleza se desfez como se houvesse rompido através de um rasgo de trovão. Ele havia se transformado em gente aos olhos dela. Toda a sabedoria de anos teatrais havia se transformado em palavras vazias e, assim como "o ator deveria estar". Vazio de si. Ela havia encontrado o vazio ... da alma: a dele. Sustentou-se em sua figura impositiva de sempre e tentou seguir um pouco mais adiante. Enfraqueceu seu tônus viçoso mas aquilo só confirmaria (novamente) a sua única teoria .... aquela que lhe acompanhava desde que a formulara: os segundos desfazem tudo. Tudo muda em um único segundo.
E, ela assim também mudaria. Encontraria seu sorriso mais sincero e se colocaria no se lugar devido: aquele conquistado com o esforço de seu empenho num tempo afetivo: primeiro consigo. Ela haveria de se perdoar. Ela conseguiria (re)arranjar o estrago daquele ato furioso e dentro de alguns dias conseguiria falar sobre o episódio sem derramar uma só gota de transparência. Tudo seria indolor, inodor e sem cor como deveria ter sido aquele instante.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quero te dizer uma coisa: eu te amo, do jeitinho que tu és, sabendo do teu passado e adivinhando teu futuro. Gosto da "tua" teoria. Então... que o próximo segundo mude tudo para melhor e que assim seja para sempre, tudo cada vez melhor. Só tem o direito de destruir, quem souber no segundo seguinte construir, re-estruturar, erguer e transformar o que existia, em algo ainda mais belo. Senão é melhor deixar pra lá, tomar maracugina, que vem do ma-ra-cu-já! Minha irmã atriz, um beijinho, na ponta do nariz!

Bel disse...

Hei Janinha querida!
Que lindo....que linda.
Saibas que o mesmo amor que vem...vai e fica aí contigo...pela vida à fora, com maturidade e sabedoria de alma.
Um beijo feliz,
Bel.