Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

30 julho 2008

Com(paixão)

...sempre que ela escrevia seus devaneios na folha branca em tinta verde pensava que muitos não conseguiriam perceber que suas dores nem sempre eram reais, não vinham de fatos concretos daqueles materializados por uma briga feia, ou por uma desilusão amorosa, ou por uma perda real. Muitas vezes (na maioria delas) sua escrita esverdeada aumentava (vertiginosamente) o que via, vivia e sentia. Não era uma fantasia, mas também não era a pura realidade. Aumentava por conta de sua melancolia ritmada que só se avolumava com o passar dos tempos. Aumentava por conta de sua necessidade de sentir ... de devorar o mundo todo ... um tanto à mais que a maioria dos que conhecia. Amentava porque sua vida era (na maioria do tempo) doce, saborosa e cheirosa. E ela tinha necessidade de ver o lado obscuro: seu e do mundo. Uma estranha necessidade ... por certo!

Nesse instante, assim como nos de ontem, nada de mais havia lhe acontecido (ou por mais contraditório que isso pudesse parecer) ... tudo lhe havia acontecido. Era sempre assim. Ela era visceral e desse jeito de (ser e estar em si) ela não poderia mais fugir. A distância de seus amores lhe dizia coisas de sempre, a viagem de seu parceiro amoroso lhe abria o coração exibindo-o em suas vermelhidões: recortes que pulsavam vida inquieta e impulsiva.

Por vezes, também estranhava-se por querer saber tanto sobre si. Seria natural que estranhassem. Seria natural que pensassem que ela estava constantemente por um fio, que sua relação assim também estivesse, que ela se perdesse num mundo de desilusão, que ela se abondonasse por conta de qualquer motivo ou pessoa. Enganava-os ... enganava-as cotidianamente. Não por brincadeira e sim por necessidade. Necessidade!

Mas, os seus (as suas)... esses (as) ela acreditou que saberiam. Intimamente saberiam.

E o verde da tinta foi se esgotando de tanta escrita sentimental. Sacudiu a caneta assim como sacudia-se em momentos como esses: em que se preocupava no que pensariam sobre o seu pensar. Nem uma gota de tinta esverdeou a branquidão daquele instante de existência.Girou mais uma vez a caneta entre os dedos de um lado pr´um outro e finalmente desistiu.

Resolveu colorir o papel com um nova tinta ... vermelha: de paixaõ. Com(paixão)

3 comentários:

Anônimo disse...

vermelho...
essa sim é a cor que lhe define bebel!
:)

bjus

Anônimo disse...

foi a kari ai em cima ok?!

Elga Arantes disse...

Lindíssimo esse texto.

Perfeito, é a palavra.

Um abraço,

Elga