Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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29 julho 2008

Voltas quase inteiras

Enrolava-se cada vez mais em si mesma. Lembrou de seu lenço azul que dava mais de quatro voltas ao redor de seu pescoço. Apesar do tom azul sempre lhe acalmar, ainda assim, sentia-se sufocada por ele e por si mesma. Desenrolou uma das quatro voltas e foi se percebendo menos tensa. A dor no iníco do pescoço também foi como que derretendo e o mundo foi caindo aos seus pés. Desabou junto com o mundo e viu-se sentada em cima das pernas como de costume. Ainda estava frio pois havia anoitecido e a preguiça de sair dali provocava alguns arrepios. Um sufoco. O dia havia sido de sufocos: saudade, espera e uma quase solitude. Automaticamente chegou ao fim das voltas dadas. Com seu longo lenço na mão ela voltava pra si. Ia e sumia em meio aos montes de sentimentos que se apresentavam em dias como aquele. Vinha e se despedia de tudo que lhe havia lhe retirado do momento presente. Voltava atenta ao que se revelava naquele segundo.

Um alívio.

O azul do lenço se espalhou pelo chão e ela foi junto com ele. Deitou-se e viu sua casa de pernas para o ar, viu-a de cima para baixo. Gostou do que viu e do que sentiu. De dentro pra fora, do direito ao avesso ... tudo que a rodeava lhe fazia sentido. Apresentava belezas (ainda que desfocadas pela posição num tempo). Logo levantaria dali e se agradaria com um saboroso mingau de aveia bem quentinho. Acolheria-se. Sentaria em seu sofá laranja e agradeceria a possibilidade de estar em casa, cuidaria amorosamente de si, tal qual sua mãe faria. Enviou seu melhor sorriso pra ela. Mais um dia em si. Mais uma chance de agarrar a vida pra si.

Um comentário:

Sheyla disse...

E viva o afago nosso de cada dia!
Bjs.