Durante a tarde ela tentou se inspirar para o anoitecer interpretativo (que as segundas e quartas e alguns dos sábado) lhe exigiam. Lembrou-se da vida toda que estava aprisionada no formato trivial de pequenos afazeres cotidianos. Deu corda em si ... e colocou sua caixinha de música para tocar: deixou que o som indicado por seu amigo mais fiel lhe contagiasse. Negão já havia lhe dado aquele presente em forma de dvd há algum tempo: aquela Diva (eleita por ele) ainda não lhe dizia muita coisa. Deixou a Amy se espalhar pela tela de sua 29 polegadas plana. Viu que ela dançava consigo, viu que sua dor de amor lhe fazia vibrar pela boca à fora. Viu os metais e seus soluços musicais. Viu sua rouquidão precisa e contagiante. Dançou com ela e ao som dela...e foi embora pra casa: correu pra dentro de si. E tudo ficou perfeito em sua valsa solo. Acompanhou-se pôr sobre os tapetes amarelos de sua sala cênica. Dançou observando o bosque que lhe espiava festivamente. Quase viu os populares duendes. Nem ligou ... se deixou balançar. E viu a Diva cantar com toda a força de sua intensa vida! E viu o pôrque dela ser Diva para ele. .
Refeita e sensível à si ... foi para o encontro com eles e elas. E foi cheia de si . Por lá, tudo foi embalado por música: uma primeira vez. Prolongou-se e contentou-se com a melhor das companhias: o som da música inesperada. Depois da interação, das saudações, das levezas e das diretividades sugeridas lançou-se à leitura do texto. Foi com ele e seus cabelos brancos: novamente. Estranhou ... mas ela havia sugerido e "o universo" havia escutado e aceitado. Uma cena de briga de casal (coisa nova para ela) por conta de uma caminhonete. E a aceleração de um estado de irritação a conduziu velozmente. Foi ... mas quis ir mais, quis ir para um outro lugar: mais sensível e mais íntimo. Queria fugir da força inicial que a empurrava para esse lugar confortável. Pediu pra que seus desejos oferecidos e sussurrados aos ouvidos do universo pudessem ser ouvidos. Pediu com força e verdade de alma. Ela esperaria pela oportunidade de deixar vazar sua dor e quando a visse pingar por entre a face distorcida ... espalharia e recolheria pedaços densos do que ela sabia ser capaz de sentir. Dividiria ... e se libertaria dos seus padrões "naturais". Confiaria em sua força e seu merecimento. Confiaria.
4 comentários:
Você sempre surpreende!
A dança liberta, mesmo. Meu lado quase arteiro na vida, foi a dança. Dancei por 16 anos de minha vida. A dança foi quase tudo em minha vida, um dia. Depois, uma Kombi passou levando tudo...
Imagino que vc já tenha chegado lá. Vc é capaz de sentir, sem dúvida, o que quiser!
"dancando consigo" mesma..
ando tendo uma vontade de dancar ultimamente, Bel, acho que vc tem um pouco de culpa nisso, rsrsrs
Ouvi dizer
Que se ela dança
O mundo balança
Até chover
Alguma bonança
Pra te verter
Porque mesmo a Amy
Não teme
O que pode acontecer
Quando se põe pra fora
O que nos devora
E sem demora
Faz do enfurecer
Um entreter
Que não cansa
Daí mantenha a confiança
Que você avança
Até sem corda...
O mais bonito disso tudo é a possibilidade de darmos corda em nós mesmos e vibrarmos ao som das nossas escolhas...
...E confiarmos, a cada momento. Sempre.
Beijo grande,
grande dançarina.
Renata.
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