Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

25 novembro 2008

Deu-se corda e dançou

Durante a tarde ela tentou se inspirar para o anoitecer interpretativo (que as segundas e quartas e alguns dos sábado) lhe exigiam. Lembrou-se da vida toda que estava aprisionada no formato trivial de pequenos afazeres cotidianos. Deu corda em si ... e colocou sua caixinha de música para tocar: deixou que o som indicado por seu amigo mais fiel lhe contagiasse. Negão já havia lhe dado aquele presente em forma de dvd há algum tempo: aquela Diva (eleita por ele) ainda não lhe dizia muita coisa. Deixou a Amy se espalhar pela tela de sua 29 polegadas plana. Viu que ela dançava consigo, viu que sua dor de amor lhe fazia vibrar pela boca à fora. Viu os metais e seus soluços musicais. Viu sua rouquidão precisa e contagiante. Dançou com ela e ao som dela...e foi embora pra casa: correu pra dentro de si. E tudo ficou perfeito em sua valsa solo. Acompanhou-se pôr sobre os tapetes amarelos de sua sala cênica. Dançou observando o bosque que lhe espiava festivamente. Quase viu os populares duendes. Nem ligou ... se deixou balançar. E viu a Diva cantar com toda a força de sua intensa vida! E viu o pôrque dela ser Diva para ele. .

Refeita e sensível à si ... foi para o encontro com eles e elas. E foi cheia de si . Por lá, tudo foi embalado por música: uma primeira vez. Prolongou-se e contentou-se com a melhor das companhias: o som da música inesperada. Depois da interação, das saudações, das levezas e das diretividades sugeridas lançou-se à leitura do texto. Foi com ele e seus cabelos brancos: novamente. Estranhou ... mas ela havia sugerido e "o universo" havia escutado e aceitado. Uma cena de briga de casal (coisa nova para ela) por conta de uma caminhonete. E a aceleração de um estado de irritação a conduziu velozmente. Foi ... mas quis ir mais, quis ir para um outro lugar: mais sensível e mais íntimo. Queria fugir da força inicial que a empurrava para esse lugar confortável. Pediu pra que seus desejos oferecidos e sussurrados aos ouvidos do universo pudessem ser ouvidos. Pediu com força e verdade de alma. Ela esperaria pela oportunidade de deixar vazar sua dor e quando a visse pingar por entre a face distorcida ... espalharia e recolheria pedaços densos do que ela sabia ser capaz de sentir. Dividiria ... e se libertaria dos seus padrões "naturais". Confiaria em sua força e seu merecimento. Confiaria.

4 comentários:

Elga Arantes disse...

Você sempre surpreende!

A dança liberta, mesmo. Meu lado quase arteiro na vida, foi a dança. Dancei por 16 anos de minha vida. A dança foi quase tudo em minha vida, um dia. Depois, uma Kombi passou levando tudo...

Imagino que vc já tenha chegado lá. Vc é capaz de sentir, sem dúvida, o que quiser!

Nina disse...

"dancando consigo" mesma..

ando tendo uma vontade de dancar ultimamente, Bel, acho que vc tem um pouco de culpa nisso, rsrsrs

Salve Jorge disse...

Ouvi dizer
Que se ela dança
O mundo balança
Até chover
Alguma bonança
Pra te verter
Porque mesmo a Amy
Não teme
O que pode acontecer
Quando se põe pra fora
O que nos devora
E sem demora
Faz do enfurecer
Um entreter
Que não cansa
Daí mantenha a confiança
Que você avança
Até sem corda...

Renata disse...

O mais bonito disso tudo é a possibilidade de darmos corda em nós mesmos e vibrarmos ao som das nossas escolhas...

...E confiarmos, a cada momento. Sempre.

Beijo grande,

grande dançarina.

Renata.