... o tempo sugeriu um contra-tempo. Na contra-mão daqueles tempos ela havia (novamente) proposto um silêncio. Declaradamente o silêncio era sempre o maior dos desafios. Ela era" falante demais"? Novamente: questionou-se. Verborrágica inveterada sempre se prometia silenciar ... quase nunca cumpria suas promessas. Mas... ela sabia porque dizia. Sempre soube. Confirmou: aquela era ela.
Propostas Inversas!
Dispersas!
Dizia o que lhe vinha a mente depois de muito refletir sobre muitos dos por quês. Nem sempre era fácil dizer. Aliás ... dizer nunca é fácil. Escrever era menos sofrível. Ela havia proposto um silêncio que deveria avançar o campo da escrita porque o que escrevia era o reflexo do que vivia. Era um eco dos gritos que ouvia. Havia tanto pra viver ... vivia de forma tão forte e densa. A vida parecia exigir dela um (re)contar. Histórias recontadas pra si. Uma espéice de confissões. Confessava-se diariamente ... horas antes de dormir. As vezes, logo ao acordar. Adormecida ainda. Inebriada pelas sensações.
Alternativas exigidas: escrevia e aquela escrita se assemelhava a uma espécie de diário pré-adolescente. Lembrou-se dos diários de seus tempos ... alguns deles custavam mais caro se houvesse neles uma espécie de cadeado (um disfarce à fragilidade). Confissões ingênuas. Possível adulteração. As vezes, o preço é alto! A vida exigia investimentos. Quis comprar um cadeado pra segurar a volúpia que saía de sua boca. Não ... Ela nunca teve um diário com cadeado. Talvez por isso existia esse mundo de bolinhas.
De todo o silêncio ... aquele ... aquele interno. Esse, teimosamente, não se calou. Alí na calçada o tempo promoveu a possibilidade do encontro. O que parecia despedida se renovou pela urgência do momento. Ela admirava a serenidade de seu olhar, a paixão de seu foco e a musicalidade de seu ritmo. Quis lhe dizer sobre o que via, sentia ... pressentia Quis lhe dizer como via. Ele lhe ofereceu segundos. A preciosidade de um tempo nunca é medida pelo correr dos ponteiros das horas.Quase nunca se precisa de horas!
E naquela medida do encontro as confissões surgiram como alento. Nem as gotas da chuva foram sentidas nem a volúpia que saía dela de forma desmedida. Não ... ele não lhe pediu silêncio. Ela é que se auto-impôs. Ele lhe ouviu atenciosamente ... ela lhe disse ... apaixonadamente. E esperaria que sua intenção fosse sentida. Que o todo fosse bem maior do que as partes.
Murmúrios são ensaios para o grito!
P.s: Nem tudo é o que parece. Minhas queridas ... estou muito bem. Eu e Tujú mais ainda. Minhas reflexões vem de outro lugar do coração ... vem da minha entrega em outro campo. Um beijo, Bel.
4 comentários:
Engraçado!
Dessa vez não imaginei nada nesse sentido. Mas achei carinhoso sua preocupação em tranquilizar os seus.
Saudades.
Mas seu silêncio tanbém é manifestação.
Um beijo, Sininho adorada!
O titulo ja diz mt, e ate mesmo preocupa, mas no fim, vc explica e tudo fica tranquilo de novo...
Um beijo Bel
Bel,
Como a Nina disse "o título já diz muito". Quem sabe seria o grito na arte ou a arte do grito?
Bjs.
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