Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

16 julho 2009

Rebolava, sim, ela rebolava!

Saltitava pela rua em dias festivos. Era capaz de girar ao redor de seu próprio eixo em dias assim: em que o céu azulava-se pra lhe proteger. Dias em que o vento parecia nem soprar pra não tirar nada do devido lugar. Nem uma folha, nem um cabelo, nem um desejo. Ela saltitava mesmo equilibrando-se no meio fio. Suas pernas tortas haviam se acostumado ao disfarce, desde muito pequena, ensaiava o andar cruzado em cima dos meios fios. Equilíbrio estimulado pelo esforço conquistado. Havia nela um andar diferenciado ... diziam-lhe isso ... bem sabia daquilo. Em dias como aquele parecia desfilar. Desfilava, por certo. Pra ser certo ... pra se endireitar.

Da mesma forma, em dias outros, o corpo encolhia-se para atravessar os corredores de sua casa. Não era só culpa do frio intermitente. Não era nem um pesar. Não era algo conhecido. Era apenas um encolhimento da alma inquieta que insistia em se fazer notar. Ainda que retorcida cruzava seu andar. Rebolava ... decerto. Rebolava mesmo em desertos: pensou. Ela era ... sempre ela era. Cansou de ser tão consciente sobre si. Pausa. E mesmo nela ... na pausa ... fazia um x nas pernas. A consciência poderia usar do artifício do disfarce? Pra ela ... sim ... só a conscientização poderia criar disfarces convincentes. Defesas concretas.

Naquele dia específico ela não saltitava nem se encolhia. Ela apenas caminhava. Observava tudo enquanto se esquecia. Esquecida ... anunciava-se através de um andar displicente. Distorcida pelo reflexo da imagem fixada nas vitrines daquele corredor desconfiou do seu reconhecimento. Voltou, deu um passo atrás. Olhou-se enviesado e esqueceu de cruzar o passo. Desconheceu-se. Só o inesperado lhe alterava ... eram só segundos. O inesperado tinha o tempo contado por segundos.

8 comentários:

DOIDINHA DA SILVA disse...

Muito bem escrito este post...
Preciso aprender aqui um pouquinho de vez em quando...

Biana França disse...

Aiai, dona Bel...vc e suas palavras perfeitas de sempre, nesse jogo de palavras que paira a dúvida, é ela ou não é???? Se escondendo ou se mostrando. Linda e sensível cada dia mais.
Bjus

Bel disse...

Olá Monica!
Imagina ... só! Agradeço a tua leitura. Seja bem-vinda!
um beijo, Bel.

Biana,
Que bom te ver! És sempre uma querida pra mim.
Olha ... é sempre ela. Sou sempre eu ... por aqui.
Um beijo carinhoso.
Bel.

Unknown disse...

Bel querida!! Como é bom se esquecer-se de si mesma as vezes não é mesmo??
saudades enormes dos seus esmagos!!
beijos e ótimo fds!!!

Anônimo disse...

Olá Bel, parabéns pelo Blog, textos e afins...
Quem me passou seu contato foi o Gerson Delliano, estarei dirigindo um espetáculo dum texto da Hilda Hilst, faremos textes na próxima sexta feira 24/07, gostaria de saber se vc ten interesse? Se sim, me escreva no e-mail joaopetry@uol.com.br ou fone 8855-6893, que lhe passo mais informações sobre o projeto.
Grato e mais uma vez parabéns pela singular alma de artista arteira...rs...bjo

Renata disse...

Mais uma vez o tempo...em segundos ou em horas. Tanto faz, ele nos basta. Aproveitá-lo é a ordem do dia!!

Estava mesmo com saudades da sua BELeza!!!!

Beijo!

Rê.

Carlinha Fernandes disse...

Me apaixonei pelo seu blog

Vc escreve super bem

Bjsss

Bel disse...

Chris ... Srta. Esmagatícia.
Saudades também ... a correria daí deu uma pausa pra mim por aqui. E eu ... aproveitei pra desacelerar. Foi bom ... mas estou com saudade do Olho e de tudo que há por lá. E tudo que virá. Espero entrar no ritmo rápido.
Beijo, querida.

João Petry veio numa lufada de vento. E, provavelmente, não andará mais pelos lados de cá. De toda forma ... adorei o projeto e te enviei um e-mail. Muito agradecida por considerar o olhar do Gerson e vir por aqui me encontrar.
Um beijo e bom trabalho.

Rê ...
Nós e nossa relação como tempo.
Nós e nossa vontade de nos entregar ... mais e mais.
Saudades tuas. Fui te ver e percebi que o tempo te empurrou pra esse mundo daqui ... novamente. Fiquei bem feliz!
Beijo doce ... como és.

Carlinha ...
Imagina só! Meus devaneios te tocaram e te fizeram me ler. Agradeço o elogio, viu?
Um beijo.

Bel.