Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

26 maio 2010

Do alto de sua altura

... era dia de sol que veio depois de uma noite de lua luminosa e envolvente: disseram à ela. Talvez fosse sempre assim mas ela não havia reparado na correlação do fato. Ele no alto de sua altura havia chamado atenção para aquela lua que iluminava o quintal da casa Viva que também tinha um pé de limão. Olharam para o céu e confirmaram a intensidade da luz. Distraída deu pouca atenção ao foco. Mas notou. Notou que os dois elevaram o olhar. Lembrou que ela olhava pra baixo. Da elevação da cabeça ao redirecionamento do olhar: deu-se um outro movimento interno. Eles olhavam pra lua há muito mais tempo que ela. Olhou displicentemente. Uma tentativa de cumplicidade. Meninos. Menina. Padrões invertidos depois de um certo cansaço? Ela estava racional naqueles segundos de caminhar ... isso era fato. Desprezou a lua. Deixou pra eles. Naturalmente.
A vida era mesmo uma sequência de horas formatadas em dias, marcadas por meses e confirmada em anos. Décadas passaram pra que ela pudesse perceber que (talvez) a lua fosse capaz de impor uma força ao sol. De manhãzinha o dia se abriu depois de cinzas subsequentes. Lembrou da lua destacada por eles. Dia bonito? Ela ainda era mais sombria que a grande maioria que conhecia. Ela ainda gostava do obscuro dos dias menos reluzentes. Ela ainda gostava do inesperado. Talvez a sua melancolia exigisse uma certa escuridão como cenário. Talvez a variação do tom cinza fosse uma aquarela pra ela. Era ela ... eram eles. Distâncias de sempre. Menos dor do que antes. Só. A solitude é imensamente melhor que a solidão.
A lua poderia ser uma menina curiosa ... se quisesse. Ela teria todo o direito se assim quisesse ser.

6 comentários:

Leonardo disse...

Sol, lua, distância... E um texto perfeito! Fiquei impressionado com sua palavras.

"E a noite vem
Sendo o descanso do sol
E a ponte vem
Sendo a distancia de quem tá só

Um sol
Com a cabeça na lua
A lua que gira, que gira, que gira..."

Bel disse...

Leonardo! ... você por aqui. Bom saber que voltou!
E ... que lindo esse poema: "um sol com a cabeça na lua"... de quem é?
Adorei.
Um beijo,
Bel.

Giovani Pires disse...

Belinha,

Querida amiga, estou precisando falar contigo. Podes fazer contato pelo e-mail? giovanipires@cds.ufsc.br
Beijão.
Gio

Bel disse...

Gio, querido.
Já enviei um e-mail, ok?
Espero-te.
Um beijo,

Bel.

luanbruno.farias@gmail.com disse...

Bel ando numa correria danada... Seu texto tá lindo! Qta coisa legal vc fala, estou sem palavras. Esse "poema do sol" é do teatro mágico, foi Vivi que me mostrou e passei para meus todos os amigos. O teatro Mágico tem cada música linda...
Grande bj! Forte abraço!

Bel disse...

Luan ... bom saber que a Vivi nos deixa heranças, né? Eu adorei conhecer o Teatro Mágico! Nossos laços são enfeites, nao é?
Um beijo, viu?

Bel.