Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

02 maio 2010

Fuso horário

Existia uma diferença.
Desta vez era uma diferença de 5 horas. Por lá já deveria ser quase 2 da manhã. Um outro dia pra ele. Um mesmo dia pra ela.
Ele deveria estar no melhor do seu sono. Depois de congelar poesias nas retinas. Depois de sentir o cheiro dos crepes franceses. Depois de passar um dia no Louvre. Depois de se ver emoldurado pelos cartões postais mais bonitos do mundo. Por onde olhasse ele veria a história viva marcada pela força do Sr. Tempo. Teria Paris a lhe rodear por mais de 7 dias. Enxergaria-se contornado por paisagens universais enquadradas através de cenários cinematográficos. Veria-se um tanto diferente e quando retornasse denunciaria seu novo jeito de ser depois de tantas viagens por alguns dos muitos pedaços do mundo. Inteiro.
Enquanto ele dormia ela se preparava. Preparava-se para o resgate. Preparava-se pra esperar. Preparava-se pra começar de novo e mais uma vez. No mesmo lugar, na mesma casinha de Olho Vivos, na mesma sala de sempre. Imóvel. Congelada num tempo de antes precisaria se refrigerar pra deixar o gelo derreter. Precisaria ir e se ver nesse outro momento de um mesmo lugar. Metade.
Uma permanência impaciente. Uma paciência impermanente.
Nele e nela. Neles e entre eles.
E a vida seguia como deveria ser. Pausas ... mundos ... tempos.
Sempre é um novo tempo pra quem vai e pra quem fica.

Um comentário:

Viviane Junqueira Ayres disse...

SPEACHLESS

So esta palavra.. pra resumir que me deixas sem fala...

Seus textos me inspiram.. sempre!