Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

22 junho 2010

A explosão de um disfarce

... tinha sugerido a leveza. Ela era suave e disso tinha certeza. Sabia da potência de sua profundidade. Ela ia ... se fosse pra ir. Ia cheia.
Tinha olhado nos olhos e esperado pelo diálogo. Tinha querido ir sem precisar levar. Tinha olhado o vaso na calçada disposto como lixo. Tinha parado pra ver se daria pra aproveitar. Quis plantar. Ao se aproximar percebeu a rachadura naquele plástico escuro. Não haveria um novo vaso naquele primeiro dia de ano novo. Deu mais um adeus aquela plasticidade.
Quis ir. Deixou-se ficar. Demorou pra se aquietar.
Tinha previsto aquela explosão. Tinha fogo nos pés e mel nas mãos. Tinha um último sorriso para aquele disfarce. Tinha guardado sua ironia. Tinha ignorado a que via no fundo dos olhos deles. Tinha piscado em muitos daqueles instantes.
Tinha planejado um último dia de ano velho. A realidade é sempre irreverente.
Tinha imaginado que o inesperado pudesse lhe alegrar. Só mais um dos enganos.
Tinha sido mais ela do que antes. Tinha sido como sempre seria. De novo e mais uma vez: o jogo da repetição.
O que vale? Que jogo é esse? O que interessa na verdade sugerida? Que interesse há no disfarce?
A acomodação pode ser negação. Ironia nem sempre é defesa. Mimese é preparação para o ataque.
A semente da flor pode se congelar no inverno pra desabrochar um tempo depois.
E ela? Poderia se transformar numa espécie de flor? Transplantaria sua raiz pra dentro de um vaso colorido. Iria florescer depois daquela poda. Iria saber renascer.

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