Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

31 agosto 2010

Tinha um corpo potente. Tinha aquele corpo com as marcas do seu tempo elevado. Tinha como todos/todas tem. Impossível não se incomodar com a voracidade daquele olhar. Daqueles. Impossível não se incomodar com o congelamento. Com a insinuação de que um espírito que lhe possuía.
Distraiu-se. Pensou em suas saudades.
Impossível ver Margaux ir e não pensar em como seria bom se ela pudesse ficar. Desejou que ela permanecesse na ciranda. Que ela permanecesse para lhe facilitar o desafio. Que ela lhe ensinasse o que compartilhar: isso Margaux saberia ensinar.
Margaux tinha os olhos voltados pra ela. Disse-lhe que sua irmã a lembrava. Margaux sentia saudades da França e ela sentia saudade de Margaux desde antes. Olhos nos olhos e o mundo inteiro sendo devorado.
Entregou seu embrulhinho de laço roxo com bolinhas brancas. Entregou as polainas brancas iguais as dela. Entregou um pedaço de sua alma. E Margaux soube receber. Margaux sempre soube receber: ela e seus trejeitos, ela e seus dramas precedentes, ela e seu riso aberto. Margaux recebia e devolvia. Em ondas.
Entregou-se a saudade que já pulsava.
Despediram-se naquela hora: uns 10 dias antes da partida prometida.
Margaux lhe acolhia com suas retinas enxarcadas de luz. Margaux sabia de sua explosão ... de sua implosão. Ela lhe dizia delicadezas a cada encontro. Margaux ia com ela e isso era uma grande novidade. Uma esperada novidade.
Naquela terça ela se deixou abater.
Viu os olhos da disputa lhe chamar. Fugiu e se escondeu na ternura de Margaux. Fez bem ... fez-lhe bem.

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