Tinha um corpo potente. Tinha aquele corpo com as marcas do seu tempo elevado. Tinha como todos/todas tem. Impossível não se incomodar com a voracidade daquele olhar. Daqueles. Impossível não se incomodar com o congelamento. Com a insinuação de que um espírito que lhe possuía.
Distraiu-se. Pensou em suas saudades.
Impossível ver Margaux ir e não pensar em como seria bom se ela pudesse ficar. Desejou que ela permanecesse na ciranda. Que ela permanecesse para lhe facilitar o desafio. Que ela lhe ensinasse o que compartilhar: isso Margaux saberia ensinar.
Margaux tinha os olhos voltados pra ela. Disse-lhe que sua irmã a lembrava. Margaux sentia saudades da França e ela sentia saudade de Margaux desde antes. Olhos nos olhos e o mundo inteiro sendo devorado.
Entregou seu embrulhinho de laço roxo com bolinhas brancas. Entregou as polainas brancas iguais as dela. Entregou um pedaço de sua alma. E Margaux soube receber. Margaux sempre soube receber: ela e seus trejeitos, ela e seus dramas precedentes, ela e seu riso aberto. Margaux recebia e devolvia. Em ondas.
Entregou-se a saudade que já pulsava.
Despediram-se naquela hora: uns 10 dias antes da partida prometida.
Margaux lhe acolhia com suas retinas enxarcadas de luz. Margaux sabia de sua explosão ... de sua implosão. Ela lhe dizia delicadezas a cada encontro. Margaux ia com ela e isso era uma grande novidade. Uma esperada novidade.
Naquela terça ela se deixou abater.
Viu os olhos da disputa lhe chamar. Fugiu e se escondeu na ternura de Margaux. Fez bem ... fez-lhe bem.
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