Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

02 setembro 2010

De novo e mais uma vez: o estrondo que anuncia silêncios

... aquele silêncio lhe parecia uma exigência. Pareciam não saber que havia estrondos nela. Que a sua expressividade era feita de movimento. Que aquela dramaticidade aparente era uma face e não era essência. E ... de novo ... o centro. E ... de novo ... os olhos. E ... de novo ... a disputa. O ego. A força no desespero de quem se incomoda com o que insiste em pulsar.
Aguentou a descarga que vinha deles. Que veio dela. Sustentou o foco e disfarçou o embate. Mas depois de tudo ... a análise que tudo esclarece. E ... mais uma vez ela falou. Queria uma trégua. Ele lhe deu e ela confiava nele. Mas estranhava o fato dele não lhe dizer pessoalmente. No coletivo tudo se agiganta e o desconforto parece não ter fim. Ele tinha olhos miúdos como os dela, gostava de tarô como ela. Ele tinha uma gentileza inerente. Mas ele a machucava quando expunha suas estranhezas como se fosse coisa comum. Ela ainda queria ficar mais um pouco, gostava do artista que ele era, gostava do menino que a convidava pra conhecer a lavanderia, gostava das flores da porta de entrada, gostava do chá de maçã, gostava do regador vermelho que combinava com os portões. Mas ele não a via na subjetividade da alma. E isso a confundia. Mas eram tantos. E, talvez, ela nem fosse assim tão interessante quanto se sentia. E ao pensar isso condenou seu ego cricrilante. Silenciou-o. Silenciou-se.
Como diriam: " tanta inutilidade em coisas comuns". A exibição dos cabelos longos que querem seduzir até o chão da caixa preta. A análise de quem nem sequer se interessa e só quer falar por falar ... por ser essa a sua vez. O descaso de quem constrói um monstro recorrente e só se importa no seu fazer e enfrenta sem ter a delicadeza de escutar o eco que todo desafio sugere. Um outro idioma tentando mediar e ela se esforçou pra acolher ... porque em espanhol havia um certo alento. Muitos olhos voltados pra devorar.
E ela ... tentando estar.
E ela ... querendo ficar.
Uns olhos chineses lhe enviaram um carinho de longe: cúmplice. E depois do olhar a fala que procurava um encontro. E o contato de quem percebe e sente o cheiro que o isolamento exala. Ela lhe agradeceu num piscar. Ele recebeu. Sorrindo como era seu costume. E o riso acalmou a fúria. Ele ouviu sem exigir nada em troca. E veio a confirmação dele para o que poderia ser uma cisma dela. E não era. Ela bem sabia. Fazia um bom tempo.
E ela saiu de lá como chegou ... desgastada.
Mas estava viva. E cheia. E dentro dela havia uma doçura por si.

3 comentários:

Viviane Junqueira Ayres disse...

Bel... vc escreve tao lindo...
Fico impressionada sempre... com o poder que suas palavras emanam...

Estou aqui no rio...me divertindo e morrendo de saudades... de tudo e de todos.

Está tudo bem? Tenho passado as vistas no echo... mas nao tenho te visto..

Bjinhos cheios de afeto.
Vivi

Bel disse...

Srta ... tu e teu olhar sobre mim. Quem me dera ser o que me dizes que sou.
Bem ... O Rio te fez rir? O Rio te fez bem? O Rio passou ou ficou?
Quero saber de tudo pelo mundo dos envelopinhos.
Vi que saístes nos sites de fofoca acompanhada pelo Gianechini pelas ruas do Rio. Tu és multimídia ... sempre te disse isso.
Escreva-me pra me contar sobre tudo.
Um beijo ..
Vou lá na tua casinha te ver ... e brincar depois.
Bel.

Viviane Junqueira Ayres disse...

Ai Belzinha.. nem tinha visto este seu comentario por aqui.

Agora que li...

o rio me fez rir.. me fez bem.. e o rio ficou... ainda não tem como passar.

Afinal pelo menos um precisa querer por fim...

Mesmo já saindo daqui sabendo que nao iria encontrar quem tanto queria, senti um aperto por isso...mas diante das circunstâncias não havia como ser diferente.

Mas sinto que há ainda muito tempo para mim e para ele...

e o engraçado é que apesar da minha melancolia durante a noite, esta é uma certeza tranquila... apenas caminho dia após dia e espero o chocolate no final...pois sei que há de haver um ... só não sei se o recheio será o mesmo que quero hoje.

Metafórica demais?