Atolada. Atolada nas mesmices de quase sempre. Atolada em suas esquisitices recorrentes. Atolada por lhe apontarem o dedo quando ocupam o centro da caixa preta. Atolada por ser o argumento de quem não se revira de verdade e com honestidade. Atolada em sua prolixidade dilacerante. Em sua pessoalidade intrigante. Em seu olhar.
Atolada em seu mundo de bolinhas. Atolada em seus pensamentos espiralados. Atolada por ver o mundo em círculos. De ver o buraco na parede bege. Só vê buracos quem faz poesia.
A poesia faz buracos na gente.
De ver o círculo na gota de lágrima que cai no chão forrado de preto. De se ver no chão costurado por fitas adesivas. De se ver esparramada naquele chão enquanto enliava-se em si mesma. De ver os anéis adornando e não conseguir tirá-los dos dedos por medo de perder a identidade.
Atolada na sua poesia insistente. Naquela que emerge agora e pra todo o sempre.
No enredo das coisas mesmas. No mergulho de quem se atira sem reserva. De quem (quase) nunca se preserva: da fúria, da fúria dos olhos que disfarçam o oco. Atolada em si. Ensimesmada nas suas dores esfareladas durante o exercício do encontro.
E foi ... e vai. Irá.
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