Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

22 setembro 2010

Uma noite pra ela

Naquele fim de dia ela poderia se acarinhar e comemorar sua dedicação, sua atenção, sua entrega, sua ética e sua insistência poética.
Depois daqueles tempos de pensamentos contínuos que assumiam formas de falas que marcavam mais de 20 minutos ela despertou para o que havia além dela. Depois de dois tempos de 20 (ou quase isso) de fluxos de pensamentos ela despertou para a técnica da espiralidade que tudo aglutina. Ela insistiu mesmo em meio ao caos que inventa a desordem. Ela insistiu e se colocou em movimento. Apostou em si ... naquilo tudo que sabia lhe forrar por dentro.
Papéis de sedas coloridos. Escritos .... muitos escritos. Hidrocor laranja.
No intervalo entre o café, chá e bolachinhas ele lançou seu olhar doce sobre ela. Ela estava devorando um pedaço de bolo e quis fugir do contato: como de costume. Mas ele acomodou o olhar sobre ela e lhe perguntou como estava sendo o processo. Não sabia bem ao certo se ele havia perguntado ou sugerido. Mas sabia que ele olhava dentro dela. Ela lhe disse sobre o desgaste da intenção do novo tema. Aquela essência circular de ontem ainda ecoava por dentro. Ela ainda estava entre os mundos quadrados e circulares. Foram menos de dois minutos: um tempo de generosidade comovente. Ele propôs o desafio. Perguntou: onde estava a poesia nela? Onde morava a poesia dentro dela? E ... Bel se incomodou com a pergunta. Ela era pra ela: a poesia. A mais concreta que conhecia. A mais doce e cruel das poesias. A mais inacabada delas.
Depois do contato ela pensou que se ele não via era porque não percebia e ilustrar seria um desperdício desnecessário. Pensou em deixar-se pra lá.
Esperou a hora de ir. A sua hora de subir no tablado. Nem medo nem desesperança. Sentiu-se indo e isso a tranquilizou. Foi e se deixou envolver pelos olhares de uma plateia que sempre devora. Sempre devorará.
Mas ... quando se elevou encontrou um espaço vazio. Do oco ao eco. Falou da sua dor de matar. De matar "as suas aranhas marrons". Falou do velório ao funeral. Falou da terra e da flor.
Falou dela.
Falou e ele escutou.
E ela se alegrou por ser quem era.
Por ser sincera.

Um comentário:

Eduardo Tornaghi disse...

Talvez você se divirta em
http://papopoetico.blogspot.com/
A Poesia é necessária
Tudo de bom