Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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23 agosto 2011

A irritação de uma bailarina

Giraram .... Eles e elas giraram em volta dele. Ainda que tivessem girado em torno de si, de cada um dos sis, ainda assim nada justificaria tamanho exibicionismo. Uma vontade de se mostrar acima do normal tomou conta de muitos deles. Uma vontade de marcar espaço, de se sentir contornado por seu bem-fazer cênico. Ledo engano!
Ela estava atônita ao ver toda aquela volúpia. Figurino de bailarina. Saia rodada que sempre quis ter. Coisas por dentro. Coisas que queriam dançar. Pontas dos pés elevadas pra entrar em cena enquanto eles mantinham seus lugares cativos. Esperava por sua vez ... E eles ali sem saberem sair do centro. Apêgo desnecessário. Ela havia aprendido que havia um tempo coletivo. Sair do eu para perceber o nós. Como primeira lição guardou o exercício de saber sair de cena.
Salve, salve!
Nem o estado de compaixão conseguia mobilizá-la. Masturbações cênicas sempre lhe gerava repulsa. Recolheu sua saia de bailarina e deixou pra depois. Recolheu suas pequenezas que haviam sido espalhadas junto as dele. Deixou-se abater por uma irritação humana. Muito mais humana do que aquelas deles.

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