Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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25 agosto 2011

O retorno daquela bailarina irritada

... Era quarta-feira e uma nova possibilidade cênica. Depois de aquecimentos afetivos, depois de encontros e despedidas simultâneas ela se colocava menos tensa. Aqueceu seu coração enquanto colocava seu cérebro pra aquecer também. Inversão ... Reversão ... Dispersão. A música ritmava os contatos e expandia as emoções
Ele espalhou os figurinos pelo chão, as maquiagens foram armazenadas em cima da cadeira. Ela ainda estava apegada a saia de bailarina. Sem pudor sobrevoou para alcançá-la. De tule amarelo bem clarinho. De tule em camadas ... ela e sua saia amada. Fez poses, fez posições ... a quinta e a terceira. Fez-se menina. Fez-se viva. Rodopios embalados ao som do Aba.
Coisas por dentro valsavam em ritmos menos compassados do que os de ontem. A bailarina sobreviva forte e densa. Permitiu sua presença.
Foi para a cortina acompanhada por uma ternura amorosa. Abraçada e debruçada em si e em seu passado .... Cantou " onde você estiver ...." e os olhos brilharam. Sinais. Graça disforme. Escutou os risos. Escutou e não os reconhecia. Uma suavidade vinha dele enquanto ela insistia. Ele parecia gostar de vê-la cantar. Súplicas melódicas. Inteireza. Saiu de cena em menos de 3 minutos. Gostava disso. Sabia entrar mas dominava ainda mais a arte de sair.
E depois de tudo e tanto veio um reconhecimento. Disseram sobre sua graça. A graça caótica de quem denuncia seu estado de perdição, seu estado de entrega, sua patetice de se deixar levar sem planejar. Queria aquela ingenuidade do clow, queria se afetar pelos olhos deles. Pelo olhar dele.
Era bom estar acompanhada. Sempre quis ... estar. A pessoalidade se adensava e isso lhe acalentava os olhos, a boca e o coração. Esquecida do passado dilacerante dos Olhos Vivos ela percebia o presente daquele tempo novo. Conquista do seu acreditar.
Queria agradecer ... Agradecia sempre. Sempre agradeceria.

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