Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

29 setembro 2011

Tinta branca

... Dia de pequenas reformas. Bancos antigos pintados de branco sem lixar. Um esmero controlado. Possibilidade de improviso.
Encontros de olhares de um pai para uma filha. Mais uma forma de estar com ele. Mais uma reforma de coisas antigas. Mais uma possibilidade de rever o que é e acomodar em outros lugares.
Uma mesma coisa reformada em uma lindeza pode se transformar. Ela pensou. Pensou em pensar coisas boas. E depois de esquecer de pensar ... sentiu. Sentiu o afeto enquanto a tinta branca cobria as ranhuras da madeira antiga. Coisas de antes. Coisas feitas pela habilidade dele. Rearranjadas pelo olhar dela. Coisas que nunca são só coisas porque o sentimento descoisifica e abre espaço para reformas profundas. Pra além da cobertura da tinta.
Do tempo de antes haviam poucas marcas cinzas. E nos tempos de hoje aquelas marcas até pareciam valorar o reaproveitamento. Toda história produz marcas.
Usaram tintas como enfeites. Pincéis deslocando antigos atropelos. Ela e seu pai. Seu pai com ela. Tinta no óculos dele. Tinta nos cabelos dela. Aquela ansiedade conhecida de sempre. Aquela herança hereditária.
Enquanto o vento secava a tinta eles tiravam as manchas brancas das mãos.
Coisas pra se guardar pra depois ... Coisas pintadas dentro do coração.
Ela agredeceu poder estar junto de novo e mais uma vez.

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