Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

07 outubro 2011

Tinta verde

... Cobriu meia face de verde. Olhos contornados por um verde claro. Ela se deixou pintar por ela. Na verdade pediu para ser colorida por ela. Sabia de sua pouca habilidade com desenhos, com maquiagens e consigo em dias como aqueles. Um mundo inventado causava nela uma certa apreensão e sua inabilidade poderia provocar feiúras. E depois de meses de encontros, de dias de elaborações naquela sexta precedida por uma quinta mal dormida ela precisava estar enfeitada e coberta pelo verde. Muito tule na cabeça, muitos tons de verde pelo corpo. Sorte adinda do verde. Sorte avinda dela. Aquela amiga de antes. Aquela que escrevia coisas engolidas há muito tempo. Aquela que vomitava letrinhas de vez em quando e criava textos únicos de tão úmidos. Aquela que provocava primeiro a si do que à qualquer outro/outra.
Um presente oferecido por um amontoados de letrinhas. Letrinhas lidas e vividas em voz alta com os olhos e o coração cheios.
Eles e elas sentados com os olhos arregalados. Poucos com um certo medo enquanto a maioria estimulava um contato direto. Queriam ser vistos/vistas. Queriam ser tocados pela leveza das mãos enluvadas. Carinhos episódicos provocavam ternura por dentro. Ela também queria ser tocado pela magia inventada e demarcada por carpetes verdes que foram encontrados na rua enquanto esperavam o caminhão de lixo passar. Sorte que há em quem vê belezas em lixo. Tudo pronto. Cênicamente inventado.
Risos, respostas dos pequenos e pequenas. Belezas depois de tudo. Fotos .... E mais umas fotos. Toques ... Eles chamavam por elas. Elas derretidas pelo calor. Do tempo ao sentimento. Suor derretido poderia ser transformado em lágrima.
Aquela querida havia lhe aberto uma nova porta. E ela adoraria entrar de forma mais lúdica ainda. Queria insistir em estar menos tensa e mais leve.

Queria lhe devolver aquele presente!

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