Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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19 outubro 2011

Invisibilidades visíveis

... Suspeitava que havia nele um mundo de oferendas! Por certo.
De tanto que ele lhe oferecia ela armazenava para os dias de escassez. Pensava que os dias menos doces e poéticos poderiam vir. Ela poderia ficar sem todo aquele mundo de encantos mas sabia que em dias assim a tristeza tentava crescer. Iria insistir mostrar os centímetros alcançados durante a sua ausência. Ela saberia espantar se chegasse. Mas seria impossível não se deixar abater num primeiro contato.
Ao contrário do que, por vezes, pensava .... os dias iam se colorindo verticlamente. Era primavera e havia flores nos jardins. Ele encostou sua mão pequenina na dela e deixou ela sumir enquanto andavam de mãos dadas pra observar os 21 dias que se passaram sem que eles se vissem. E como medir a saudade. Talvez sentissem um mesmo volume de saudade. Uma mesma densidade. Marcas de um tempo bom: um jardim florido. Em meio a gritos e brincadeiras os 30 minutos devoraram o que poderia ser. Ele se foi enquanto ela ficou. Um mundo novo dentro da caixa preta. O Mestre do Mestre dela falava um portunhol bem expressivo. Perdia apenas para a imensidão de seu corpo mimetizado. A mímica o fazia grande. A profundidade de sua técnica era percebida enquanto apresentava as propostas de vivências. Ela se sentia estranha naquele mundo antes tão conhecido. Entre o ficar e o agir um mundo de pensamentos tentava lhe atormentar. Acalmou se coração e se deixou aquietar diante de tantas belezas. Talvez aquele domínio cênico nunca faria parte do seu repertório mas seria bom saber dominar movimentos pra poder reinventar sensações.
A invisibilidade seria um belo desafio.
Mas o que valeria mesmo era estar ali dentro novamente. Estando ali ela se acomodava dentro de si.

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