Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

05 agosto 2012

... Nada poderia ser mais preciso. Nada mais preciso que algo vivo. No seu lugar, no seu tempo, na sua medida mesmo contornado pela dor de uma tensão extremada. Ela havia imaginado a cena. Imaginado as imagens construídas enquanto ele contava com os olhos menos molhados que o coração. Ela sabia que o sangue havia aguado naquele tempo no meio da madrugada antes do amanhecer. O colo ... a mãozinha retorcida pela tensão, os olhos fechados e a boquinha pequena se apertando durante aquele tempo. Imaginou as imagens se duplicando no tempo marcado por uma semana. Incrível a reprodução dos sentimento. Havia uma amargura dentro dela, mais uma revolta e menos uma esperança. Tudo isso junto e unificado enquanto ouvia e congelava pra não desabar. Ele tocou a orquestra interna. Ele se apoiou no seu método sustentado no presente. Tirou força das vísceras e tocou aquelas 3horas de forma brilhante. Reluziu sua generosidade antes do desmonte. Pediu para ela lhes dizer. Ela o fez da forma mais controlada possível. Não quis espetacularizar aquela emoção dilacerante. Tentou acertar na medida. Quis contextualizar a força e a coerência de quem detém a construção daquele método. Casa fechada, cachorros e gatos pelo terreno. Xícaras lavadas, copos ao vento virados de boca para baixo. Bocas silenciadas pelo respeito. Elas se apoiaram. Elas se acolheram .... Ele se foi na vermelhidão de suas quatro rodas. No carro elas se olharam e se deixaram molhar. Falaram, desejaram, quiseram esquecer. Uma delas recorreu ao Manto Azul ... Fez as pazes com a Senhora e lhe pediu proteção. Pra tudo .... Pediu para todos. Chegou em casa mais exausta do que nunca. Turbilhão ... Turbulência. Ficou uma hora na cama sem conseguir relaxar. Sem conseguir disfarçar. O telefone insistiu em lhe dizer. Ouviu mesmo em meio a tanta dor. Acumulou mais uma pra si. Colou mais uma em cima da cicatriz. Esparadrapos também sujam ... deixam de ser brancos antes de assumir a cor do sangue. Entendia o que lhe dizia. Entendia a projeção. Entendia o pedido de resgate. Talvez a hora não fosse a mais adequada. Mas o desespero pode gritar mesmo sem sussurrar. Mais uma vez o telefone tocou e as palavras foram se açucarando entre eles. E na terceira combinaram se encontrar. Combinaram se querer como sempre foi. Como é. Tanta coisa ao redor .... Tanta emoção recortada pelo encontro e desencontro. Perdou a si e a tudo que nela insistia. Sabia do que era e do que dela se desprendia. Calou pra poder respirar! Desejou seu melhores desejos para os tantos e tantas que estavam envolvidos. Sabia onde era o centro da cena. Sabia o que deveria iluminar e o que deveria apagar em dias assim! Lembrou do Cristo Redentor. Quis estar bem aos seus pés. Quis estar bem em frente dos seus olhos.

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