Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

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27 agosto 2012

Imagens e névoas

Tinha uma névoa nos olhos constantemente. Mais que umidade ... Tinha bem em frente das retinas uma fumaça tipo aquelas que deixam vapor no box durante um banho dos mais quentes, daqueles que pelam a pele branca de quem tem o Das Neves no sobrenome e expõem sua vermelhidão. Sem conseguir precisar ... sentia que tinha nos olhos miúdos um espaço pra acomodar imagens de uma vida inteira. Guardava por detrás da película de névoa dos olhos albúns de fotos, registros de muito tempo, de muitos mundos, de flores, de Matchupichu e suas pedras acinzentadas, de balas de goma, de enfeites de Natal, das árvores de Buenos Aires, de caixinhas de música, do Arnaldo Antunes vindo em sua direção, da Isabelli plantando sementes que floriam primeiro dentro dos olhos dela. Tinha dentro dos olhos um canteiro de mini amores-perfeito. De Cusco e sua confeitaria reluzente. Do mar de Canto Grande e uma rede de voleibol, de seu carro cor de prata, de seu Cassiano fazendo um banco branco de madeira, dos Xuxúuuussss ampliando seus olhos e risos pra lhe abraçar, da Lagoa da Conceição e sua beira com tabladinho de madeira, de seus anéis espalhados por mais de 7 dedos dos dois lados das mãos. De Rio do Sul e sua pracinha pequena. Das orquídeas, de xícaras de café de porcelana.Da parede cheia de quadros de sua casa, do Zanatta e seus braços abertos ampliados por seus olhos úmidos, do Bono Vox e seus cabelos compridos na década de oitenta, da UFSC e seu mundo esportivo. Do Giovani na beira de um campo verde de futebol distribuindo jogos coletivos. Da coletividade dos que se dão as mãos. Das areias de Garopaba e sua faixa na perna esquerda, do Tujú e seu mundo de asas quase tão grandes quanto seu coração. Do amor. Da poesia dos cadernos de adolescência. Das calças largas e botas coloridas. Do Couer Douce e sua gente ainda mais doce com ela. De Curitiba e seu frio, seu teatro e sua umidade .... Constantes. Fotografias embassam quem tem olhos úmidos ... assim!

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