04 maio 2013
Biodegradável
... Tinha a mania de ir! Arregaçava as mangas, abria a torneira da vida e lavava louças suja. Assim sem mais nem menos ... quase um hábito de infância! Lembrava mais dos seus joelhos no chão aos 10 anos de idade encerando a sala da casa cor de rosa do que das bonecas! Talvez tivesse a sina em interpretar a gata borralheira! Talvez a pia de louças pudesse ser um sinal de conforto nos confrontos! A purificação ....
Nos dias atuas ela adorava comprar produtos de limpeza, era o seu corredor predileto nos supermercados! Demorava-se olhando as esponjas mais grossas que o habitual, gostava das coloridas pra diferenciar a limpeza das frutas. Escolhia panos e vassouras diferentes em suas apresentações, detergentes biodegradáveis valiam o preço quase dobrado porque diminuíam a poluição na terra. Dentro dela, em tempos de planaltos cortantes ela se biodegradava por sempre dizer .... dizer o que sentia, o que via, o que previa! Dizer .... Do seu dizer! Contra si sobrava uma espuma menos branca depois da limpeza de uma pia inteira! Os dejetos lhe causavam uma certa ânsia! Dejetos dos outros .... pouco vinham dela ... disso tinha certeza!
Uma bela louça merecia ser secada por um pano bem limpo .... branco com bordas coloridas. E depois de bem passado e dobrado ao sair de uma gaveta igualmente limpa sua apresentação era anunciada pelo sutil barulho do desdobramento. Desdobramentos podem sugerir estrondos!
Desde pequena ouvia: " Cada louça no seu lugar". Guardadas as proporções ela pensou ter aprendido!
Quando chegou as 9 da manhã .... viu um copo quebrado! Sequenciou hipóteses: esqueceram os cacos ali, ou, a preguiça de fazer a coisa certa sugeriu o descarte! Um corte poderia ter vindo do descuido, da falta de pareceria, do descompromisso. Nem tudo é igual a festa da uva! Suco de uva mancha qualquer pano de louça branco. Limpo ou sujo! Ela viu! Deixou o copo no lugar exato, já era um começo ... nem tudo lhe cabia, nem tudo ela precisaria organizar. Subserviência desnecessária .... pensou .... e agiu depois de pensar! Disse ... Não! E se foi antes da próxima rodada de pia de louças sujas!
Quando chegou em casa depois de molhaduras viscerais ... largou suas cargas: as caixas e bolsas e tudo mais. Posicionou-se em frente à sua pia. Poucas louças: uns três pratos brancos contornados pelo azul e o amarelo das flores miúdas, quatro xícaras, talheres e um bule de chá! Abriu um detergente de maracujá novinho! Sentiu o cheiro e viu o líquido desbotado naquele amarelo cor de chá de camomila .... lavou a louça aumentando o volume da aguá da pia em conta-gotas que rolavam olhos abaixo! Cheiro de limpeza no ar! Sua mãe sempre dizia: "A limpeza Deus amou!
Tomara!
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