Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

02 maio 2014

Passa!


.... a porta da frente era uma porta de correr onde três folhas grandes compostas por três retângulos ... espelhavam tudo que passava por fora. Ela por dentro do vidro os viu por uns 4 dias, nada consecutivos, ao contrário disso, tão espassados, que a fizeram acreditar que eles haviam desistido e ido de vez. Eram dois agora. Andavam em dupla. Um parecia um Coelho de tão branco ( desejava que a cor não fosse acentuada por fome e/ou enfraquecimento). O outro era todo preto e com a Carinha branca. Passeavam pelos jardins de todos e o dela não ficou de fora. Insistiam em se aproximar e chegavam perto do vidro limítrofe dos quereres. A frase saía sempre igual depois de um quase grito de susto: "podem ir. Não há nada pra vocês aqui, não". Disse umas quatro vezes e lembrava bem do aperto no peito depois de vê-los ir ... assustados? Famintos? Desprezados? Não havia nada nem ninguém por ali. Era o que deveria ter dito. Uma noite em que o dia inteiro havia sido ensolarado ela resolveu lavar roupa. Depois do processo de centrifugação da máquina ... haveria uns 3 minutos de calmaria até que a luz verde anunciasse o silêncio de uma limpeza automatizada. E foi. No escuro foi a lavanderia e acendeu a luz dos fundos. No quintal pouco freqüentado em noite de céu estrelado viu um vulto branco correr em direção ao muro. Lá em cima o Carinha branco já lhes esperava. Ele não se assustou com o olhar surpreso dela nem com o salto acrobático da Branca. Deveria ser fêmea a Branca. Ela disse um "Passa" ! O resto da fala já havia sido automatizada pelos três Nada passou dentro dela. Ao contrário ... escorreu.

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