Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

19 maio 2014

Se dar ...


...tentava imaginar como ele se sentia! Como guardaria aquela imagem estendida. Um corpo sem bigode e sem viço. Um corpo estendido numa caixa forrada de tecido de poliéster. Deveria ser de poliéster aquele tecido e as alças nem sequer simulariam o tom precioso do ouro. Nenhuma cor. Nem na pele nem nas alças artiicialnente douradas. Talvez houvesse cor nos olhos dele que guardava seu amigo nas retinas de outros tempos. Nos últimos .... nem suspeitavam serem os últimos. Jogavam dominó no banco de uma imitação de praça que foi projetada como um grande corredor em que os prédios faziam sombra desde as 3 da tarde para que o jogo pudesse acontecer. Às vezes no balcão da farmácia do amigo, outras no cimento gelado da mesa da praça. Ele era um dos poucos amigos dele. Vinha da mesma cidade e guardava na memória algumas lembranças similares as dele. Pensou em não ir à despedida. Lembrou da frieza do cimento. Das bancadas de cimento sem nenhum tecido pra aquecer. Lembrou que o sangue lhe corria nas veias. Pensou em ficar, em se fixar na vida e afastar as partidas. Mas foi e viu. E ... deve ter se visto. E ... é isso que me dói! Bem isso! Se dar.... Seda! Poderia, ao menos, ser forrado de um lindo tom de seda.

Nenhum comentário: