Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

21 outubro 2008

Olhos e dedos: primeiro ... os seus

E, apesar das tentativas ela se lançou. Ainda não conseguia segurar seu impulso primeiro: a entrega desmedida. Ouviu, sentiu e deixou ecoar. Voluptuosamente entregue viu-se acelerada mais uma vez. Segura de si encaminhou a cena, deu o ritmo e o tempo. Em roda, sua análise primeira era sempre sustentada em si, no que havia elaborado e executado, criticava-se antes de qualquer um. Ela mesma recolhia seus caquinhos pra depois juntar. E as imagens se distorciam a sua frente, não a sua, mas a que lhe apresentavam de si. Quis se convencer de que nada lhe atingiria, quis que o escudo da auto-confiança lhe protegesse de alguns dedos e olhos. Desarmou-se mais uma vez; aquele era um belo exercício, por certo! Mas porque se sentia tão desenergizada: (pensou). Depois ... sentiu, ou seria o inverso?
Desmanchou-se na volta pra casa. Acomodou-se quando chegou em si. Apoiada em suas almofadas coloridas foi se retirando de lá, daqueles improvisos repetidos, daquelas falas silenciadas, daqueles gestos confortáveis, daqueles esquecimentos propositais, daqueles medos. Aos poucos percebeu um alívio. Preenchida e acolhida por si conseguiu se desligar e deixou o sono se aproximar de mansinho. Apesar de tudo ... sabia quem era, sabia da entrega e das promessas já cumpridas, sabia do que poderia dominar daqui à alguns dias e prometeu mais uma vez. Primeiro um silêncio interno. O sono lhe fez cumprir sua promessa. E, amanhã tentaria novamente.

Nenhum comentário: