Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

29 setembro 2009

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Era ma manhã de uma segunda-feira chuvosa. O toque do telefone anunciou o inesperado que marca uma despedida. Na voz dele a reverberação de uma tristeza dilacerante: "meu pai morreu". Poucas palavras pra dizer imensidões. Ela se arrumou em 10 minutos e foi lhe oferecer sua companhia. Chegou e viu o amor estendido na cama em forma de despedida. Pai e filho lado à lado. Ele com o coração vermelho enquanto seu pai ia embranquecendo. Seu Fernando havia escolhido fazer a passagem atrvés daquele seu portal conhecido: sua casa. O mundo limitado naquele quarto e ela tentando dizer o indízivel. Deveria ter havido mais silêncio. Ela poderia ter feito mais silêncio e quando não houve não foi maldade ... foram só tentativas amorosas. Cada um(a) que chegava tentava dizer algo que lhe fazia sentido ... algumas palavras mais vazias do que o corpo dele.
Ele queria aproveitar o tempo que lhes restava. Na tv o jogo de futebol tentava ambientar a despedida. No corpo o uniforme do time do coração. A vermelhidão havia espirrado seu tom pra além do sangue pulsado. Nada de terno. Nada de convenções. A pulseira foi retirada do braço e guardada por ele. As heranças afetivas são diamantes. Preparou-se para as artificialidades da investigação. Levaram-no embrulhado em lençol florido. Nele ... uma tristeza inesgotável que nem a chuva conseguia diluir. Uma comunidade acompanhava o cortejo: incrédulos. Ele caminhava pra se encontrar naquele micro-organismo vivo. Ela se viu perdida e lhe deixou à sós. Foi pra depois voltar. Pra com eles ficar. Havia aprendido a se retirar.
Antes e depois disso ... percebeu mais uma vez que em cada olhar a vida espelhava o que havia antes ... haveria sempre.

Um corpo parado numa alma acelerada. Uma alma é eterna!

Que a leveza embale Seu Fernando ... pro lugar encantado que há além daqui ... além de nós.

5 comentários:

Elga Arantes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bel disse...

Elga .... linda!
Muita saudade.
Tens toda razão ... tudo que vem de ti me toca a alma. E quanto ao cinza ... é a cor da melancolia que me abastece e me faz reviver de tempos em tempos. Pra ti ... sobram os dias ensolarados, então... cheios vida e cor. Porque és assim ... iluminada e colorida pra mim, Adorável. Por aqui há dias assim também.
Muitos beijos,
Bel.

Fiona disse...

Eu fui lendo e fui ficando triste com a notícia. Sempre foi dificil pra mim lidar com despedidas definitivas. Que vc fique bem, e que Tujú e sua família também. E que seu Fernando esteja numa dimensão cheia de paz.

Beijo, querida!

Bel disse...

Fiona querida...
É muito triste mesmo, nunca estaremos preparado pra tudo isso que ainda é mistério, né?
Quanto ao Tujú... ele ainda está longe de tudo aqui. Essa despedida veio de um grande amigo meu, sabe? Que mora aqui por perto e tem um lugar cativo no meu coração. Mas teus desejos farão bem tanto pra ele e os seus quanto pra mim e os meus.Agradeço-te .... princesa.
Um beijo,
Bel.

Elga Arantes disse...

Desculpe, Bel, na pressa, errei: "Nem TRAZ"...

***

Vim falar que aqui em BH o dia está cinza. Lembrei que vc gosta!

Então, lendo seu texto, pensei que textos assim são, pra mim, acinzentados. O cinza não tem para mim o mesmo sentido que tem pra vc. Nem traz as mesmas sensações. Assim, esse episódio triste não tem pra nós duas o mesmo significado, mas as energias transferidas (de vc para ele, e de mim para vc) devem ser de naturezas parecidas.

Um beijo, flor.