Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

24 julho 2012

Fala que a fala nem sempre se escuta

... Falava pra ocupar o espaço que o silêncio insiste em preencher em horas de embaraços. Falava pra tentar calar os descompassos. Falava pra alimentar a cumplicidade vigente. Falava pra desenrolar suas vísceras. Pra ampliar o fluxo sangüíneo das artérias. Falava quando deveria silenciar. Quando deveria colocar compressas de camomila sobre as pálpebras cansadas e o coração inquieto. Tinha a melhor das intenções. Mas .... Em dias de calor nunca deveria tomar chá quente. Tempos de àgua gelada. Deveria ouvir mais. Se poupar mais. Poupá-lo. Poupá-los. Dos olhos às vìsceras. Estimularia em si a cegueira da grande maioria. A surdez da grande massa que compartilha um mesmo show de rock. A mudez dos que sabem o poder da fala impulsiva dos que se atiram à frente dos seus, dos pretensos seus. Ousaria se recolher pra não estimular a acidez. Pra não produzir sucos gástricos em outrem. Nada deveria ser dito sem ser pedido. Nada deveria ser pedido de forma formal. Nem formol. Mumificada. Enrolada em gases. Mais que um dedo. Ela inteira. Assim conseguiria adormecer sem desmaiar e sem morrer. Sem se perder. Sem perder o que insistia em brotar em dias assim. Poupança pra um depois. Queria mais depois do depois e isso precisaria de cuidados. Pra tanto disso. Pra disso um tanto à mais. Há mais!

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