Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

14 julho 2012

Sobre a festa na casa de portões vermelhos

... Dias inteiros entrecortados por claridade reluzente mesmo em dias de pingos de chuva. Dias inteiros de sonhos nem tão bem sonhados quanto os vividos nestes últimos meses vorazes em suas horas marcadas por entregas necessárias. Dias inteiros com cheiro de café de bule e bolo de chuvas. Dias inteiros cheios de sutilezas encandecestes que se sustentavam por cada vez mais segundos de um mesmo tempo. Nuvens em dias assim. Nuvens de algodões dos mais doces. Polvilhamentos de açúcar por todo o corpo. E mais pra dentro do que sugere o limite da pele. E mais profundo do que se suspeita quando se ouve o batimento de seu próprio coração. Tudo em cena. Os três mais enquadrados do que nunca. Encaixados um nos outros. Sustentados pela beleza de um novo tempo. Fecundados e contornados por Albert Camus em sua obra mais dilacerante. A Queda. Aquela que eleva por ser vivida pra além da razão. Aquela que pode nunca ter sido real mas que mesmo imaginária nos coloca em frente a um abismo. A borda da queda. O contorno que prescreve o lamento do que foi e do que poderia ter sido. A decisão. Sempre há decisão. E ela sugere desapego à partir dela. Eles em cirandas mesmo no mais árduo trabalho de remover a poeira. Eles lúdicos nas indecisões. Eles com seus olhos misturados por olhar para um mesmo lugar do palco. O centro que marca a simplicidade da cena. A projeção que nem chega a ser uma luz institucionalizada. A concepção genial do contorno de João Batista Clemente projetado pra ser mais do que uma projeção. Pra ser mais do que uma luz. Pra ser moldura ... Pra compor a unidade. Tempo presente. Insistente. Cabos e fios com mais de 20 metros. Cortina vermelha entortada como prova da impulsividade dela. Um resmungo antes do riso. " Na alegria e na tristeza". Eles dois com ela. No centro e de mãos dadas. A festa. A menção honrosa de quem depois de 30 anos ainda chora. A celebração inusitada nesse novo tempo. O cachorro-quente naquela noite fria. O pão amornado pelo afeto. A correria. Os olhares enviesados. Do outro lado o olhar deles dois. Terno com gravata. Lenço no bolso. Mãos em trios. Refrigerante. Cozinha cheia e ela sugerindo vazios explícitos. Loucura de quem olha pra cima e pouco ouve. Sanidade deles que cirandavam por acreditar desde os tempos de antes. Dois brincos pretos e um silêncio pensado. Ingenuidades planejadas. Devorar .... Devorados. Devorada. Feliz em sua casa primeira. Feliz em seus olhos cada vez mais miúdos depois de tanto tempo. Ele e o bolo. Ele e seu choro. Ele e seu destaque. Ele em cena .... Pra sempre na cena da memória dela. E dentro do coração! Um dia de festa na casa dos portões vermelhos que se anuncia para venda. Viriam outros dias ...

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