Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

Casa di Bebel ... Rabiscos sem papel

07 julho 2013

Surpresa


Chovia! Chovia muito e ele falava sobre a chuva, sobre a força dos pingos insistentes, sobre como pingos constantes como aqueles impediam um andar mais vivo e solto sobre qualquer área externa e .... interna. Sentado no sofá de tom alaranjado-desgastado que os acompanhava há mais de 10 anos ele observava a chuva enquanto observava ela. Ela que amava a chuva e que naquela sexta-feira estranhava até o seu amor por ela! Estranhava o jeito inconstante mais dele do que da chuva. Estranhava movimentos no celular, no computador, nos olhos, na fala e no coração. Nenhum trovão justificava tamanha tremulação! Nem o frio .... Só a estranheza da reação. Estavam prontos esperando para ir à festa de outros. Ela se sentindo meio inadequada , vestiu-se num tom mais preto do que qualquer outro. No meio do corpo imprimiu uma vermelhidão que não representava nenhuma euforia ... o sangue tingido na blusa compunha seu estado de tormenta interna. Ele de azul, um azul mais escuro mas que nele estava mais bonito do que o azul celeste .... da Celeste e do céu. Ele parecia agitado ... e .... aquilo pra ela era muito peculiar! Os olhos dele passeavam assumindo movimentos ambivalentes entre a janela rabiscada pelas gotas de chuva e os olhos dela tão úmidos quanto as gotas da janela! Parecia querer dizer .... ele parecia querer calar! Sentados um de frente ao outro esperavam por um horário aproximado. Ela não poderia nem imaginar o que viria em meio a tanta chuva, frio e tremulação! Perto das 20:10 ele a convidou para ir à festa ... seria uma festa quase no quintal de casa, no salão de festas! Duas ruas atrás. Enquanto ela descia ele lhe dizia: entre que está chovendo muito e eu vou estacionar! Sem pensar .... Sabia que a chuva não permitia muito um esperar ...em frente a porta do salão saltou um poça enorme e quando se viu .... SURPRESA! Foi tudo que ouviu ... Toda a surpresa que aquela voz coletiva lhe sugeriu ... Uma surpresa daquelas que surpreendem de tanto dizer, ouvir, querer, receber! Depois de ouvir lembra que girou a cabeça num movimento lateral do pescoço e das três queridas que anunciaram lhe vieram muitos dos seus, das suas! Lembra que completou o girou com o corpo inteiro sem acreditar, imovél reconheceu cada um a começar por seu pai, aquele que tem olhos vivos apesar de miúdos e que batia palmas pra ela enquanto se descolava da parede. E dele lhe vieram cada um dos seus, das suas, cada um com os olhos mais luminosos que já viu! Lanternas! Olhavam pra ela enquanto lhe desejavam parabéns! E o som e as cores e tudo lilás e tudo cheio de afeto e tudo presente dos maiores presentes e tudo bonito e colorido e tudo misturado como deve ser o amor e tudo pra ela pensado por cada um deles/delas e tudo feito por cada um deles/delas e tudo pra ela sem ela esperar! Deu um giro completo de volta inteira e viu seu Tujú cheio de chuva nele! Olhou como só ele a faz olhar e disse tudo num beijo de amor! Ele recebeu e entendeu o porquê dela tremer daquele jeito! Uma vez havia comentado que nunca tinha recebido uma festa surpresaaaaa! Jamais imaginaria que a grandeza do amor pudesse organizar tamanha delicadeza. Dá trabalho reunir, projetar, fazer acontecer! E pensar que ele e sua timidez e discrição haviam orquestrado aquela sinfonia de amores e afetos! Quase todos estavam ali, pra ela! Os que não estavam sabiam que eram .... Parte! E depois desse tanto de oferenda ele ainda projetou um presente público! Em imagens e sons a vida foi contada! Recortada! Recontada. Reportada ao sempre que sempre é! Tudo e cada foto lhe fazia vibrar! Ela se viu! Viu o amor ... de sempre em cada um/uma que lhe fazia companhia desde a memória! E a chuva aumentou porque a transparência dos olhos ajudaram na molhadura! Ela pra sempre se lembraria de tanta imensidão! Curitiba 21/06/1013 .... 23/06/2013

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